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Novos depoimentos elevam mistério em torno da morte de jovem gay

Assassinato de Itaberli Lozano ganha três suspeitos além da mãe e outras versões do crime; polícia não sabe quem esfaqueou a vítima e qual foi a motivação

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 17 jan 2017, 11h49 - Publicado em 16 jan 2017, 20h10

O assassinato do jovem Itaberli Lozano, de 17 anos, ocorrido há 19 dias em Cravinhos, no interior de São Paulo, estava prestes a ser esclarecido na semana passada. Havia uma suspeita confessa — a própria mãe do garoto, Tatiana Ferreira Lozano, de 32 anos – e a motivação – um relacionamento extremamente conturbado -, além da arma do crime (uma faca) e o corpo carbonizado em um canavial. Todas as peças se encaixavam até que, na última quinta-feira, a mãe resolveu mudar o depoimento e envolver mais três personagens na história — uma adolescente de quinze anos e os jovens Victor Roberto da Silva, 19 anos, e Miller da Silva Barissa, 18 anos — os dois presos na última sexta-feira.

Segundo o novo relato, a mãe chamou os dois rapazes para aplicar um “corretivo” em Itaberli, que a estaria ameaçando e agredindo. A menor, que já havia pedido emprego a Tatiana, gerente de supermercado, em outra oportunidade e era namorada de Victor, teria intermediado o contato com a dupla. Na versão da mãe, os dois mataram o jovem sem o seu consentimento, enquanto ela estava do lado de fora da casa, ouvindo os gritos de socorro do filho.

À polícia o trio contou história diferente. Victor Roberto disse que Tatiana os convocou para assassinar Itaberli, inclusive oferecendo dinheiro pelo serviço. Ele teria recusado a oferta e concordado só em dar “um susto” na vítima. Por fim, confessou ter dado uma chave de braço no garoto, apertando o seu pescoço até desmaiar. Depois, teria fugido do local. Miller diz ter deixado o local antes do começo das agressões. A adolescente, por sua vez, conta ter permanecido na casa e presenciado o momento em que Tatiana deu três facadas no pescoço de Itaberli, conforme disse à polícia.

Os novos depoimentos embaralharam o quebra-cabeça, e a polícia agora busca saber quem, de fato, esfaqueou a vítima. Imagens de câmeras de segurança posicionadas em frente à casa mostram os dois garotos batendo em retirada, enquanto a mulher está do lado de fora. Depois, ela entra na residência e ninguém sabe o que aconteceu a partir de então – e nem antes.

O que se sabe é que a mãe enrolou o filho morto em um edredom, retirou o corpo pela garagem dos fundos e o colocou no carro do marido, o tratorista Alex Canteli Pereira, de 30 anos, que também está preso. O casal levou o cadáver até um canavial e o incendiou. Depois, jogaram o celular do garoto em um matagal – o aparelho não foi encontrado.

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“Pretendemos fechar melhor o quadro esta semana com as provas circunstanciais. Não dá para saber ainda quem esfaqueou. Mas já é possível dizer que os quatro agiram em conluio para conseguir o objetivo final, que era matar a vítima”, disse o delegado Helton Testi Renz.

Motivação

O promotor Wanderley Baptista da Trindade Junior afirmou que o “principal motivo” do crime é homofobia. Como argumento, cita uma postagem feita por Itaberli dois dias antes de ser morto. Nela, o garoto diz que foi espancado pela mãe e posto para fora de casa porque era homossexual. “Tem uma testemunha, que estamos para ouvir, que disse que ela não aceitava a homossexualidade do filho”, disse o promotor.

Além de pedir a condenação dos quatro suspeitos — a mãe, o marido e os dois rapazes — por homicídio qualificado, Trindade afirmou que vai solicitar a internação da adolescente na Fundação Casa. Ela teria sido a primeira testemunha do caso depois que a avó dela foi à promotoria dizer que a neta havia visto um corpo ensanguentado dentro da casa de Tatiana. Por esta versão, a menina teria pedido para usar o banheiro e se deparou com Itaberli morto ao abrir a porta do quarto.

Com base nesse depoimento, a polícia cumpriu mandados de busca e apreensão na casa da mãe de Itaberli na última quarta-feira. Ao chegar ao local, encontrou o estofado do sofá-cama do filho cortado e manchas de sangue na espuma. Diante disso, a suspeita acabou confessando o crime — e um dia depois mudou a versão. O advogado de Tatiana deixou o caso na última sexta-feira.

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