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Nove militares envolvidos nas mortes de músico e catador são soltos no RJ

A família de Evaldo dos Santos Rosa seguia para um chá de bebê quando teve o carro alvejado por mais de 80 tiros; policiais alegam ter agido por engano

Por Da Redação
Atualizado em 24 Maio 2019, 17h08 - Publicado em 24 Maio 2019, 16h57

Nove militares envolvidos na morte do músico Evaldo dos Santos Rosa e do catador de materiais recicláveis Luciano Macedo foram soltos na manhã desta sexta-feira, 24, no Rio de Janeiro.

A decisão de libertar nove dos doze militares envolvidos na ação foi tomada na noite de quinta-feira 23 pelo Superior Tribunal Militar (STM), em Brasília. Os outros três investigados já respondiam ao processo em liberdade.

No dia 7 de abril, o grupamento militar disparou mais de 80 tiros contra o carro de Santos Rosa, de 47 anos, que seguia com a família para um chá de bebê. Atingido por nove balas, o músico morreu no local.

Luciano, que estava nas proximidades e tentou ajudar a família da vítima, também foi baleado e morreu cerca de dez dias depois. Os parentes de Evaldo conseguiram escapar. Os militares respondem por homicídio qualificado, tentativa de homicídio qualificado e omissão de socorro.

 

O STM é formado por quinze ministros: quatro do Exército, três da Marinha, três da Aeronáutica e cinco civis. O presidente do Tribunal só vota em caso de empate. Isso não foi necessário neste caso. Apenas a ministra Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha, a única mulher na corte, votou pela manutenção da prisão dos nove militares.

Em seu voto, ela afirmou: “Quando um negro pobre no subúrbio do Rio de Janeiro é confundido com um assaltante, tenho dúvidas se o mesmo ocorreria com um loiro em Ipanema, vestindo uma camisa Hugo Boss”.

Deixaram a cadeia o tenente Ítalo da Silva Nunes Romualdo, o sargento Fábio Henrique Souza Braz da Silva, o cabo Leonardo Oliveira de Souza e os soldados Gabriel Christian Honorato, Matheus Santanna Claudino, Marlon Conceição da Silva, João Lucas da Costa Gonçalo, Gabriel da Silva de Barros Lins e Vítor Borges de Oliveira. Os nove, além do cabo Paulo Henrique Araújo Leita e os soldados Wilian Patrick Pinto Nascimento e Leonardo Delfino Costa, são réus em uma ação na Justiça Militar. 

O julgamento sobre a liberdade dos militares havia sido interrompido em 8 de maio por um pedido de vista e foi retomado na tarde de ontem. A decisão da votação foi executada menos de 24 horas depois. 

O caso

Na tarde do dia 7 de abril, um domingo, Evaldo Rosa dirigia com a família pelo bairro de Guadalupe em direção a um chá de bebê, quando o veículo, um Ford Ka branco, foi confundido pelos militares com um carro do mesmo modelo roubado por um grupo de assaltantes.

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Empunhando fuzis e pistolas, a tropa abriu fogo contra o veículo em duas rajadas de tiros e atingiu Evaldo nove vezes. Luciano foi alvejado quando se aproximou do carro para ajudar no socorro ao músico.

Luciana, viúva do músico, relatou que os disparos seguiram mesmo depois das tentativas de aviso, às quais os soldados teriam reagido com deboche. “O sangue espirrou todo no meu filho. E os militares rindo, eles rindo de mim. Eu pedi gritando pra eles socorrerem, e eles não fizeram nada”, contou.

Além das mortes de Evaldo e de Luciano Macedo, Sérgio Gonçalves de Araújo, sogro do músico, foi baleado de raspão nas costas e no glúteo.

Inicialmente, o Comando Militar do Leste (CML) emitiu nota dizendo que a ação havia sido uma resposta a um assalto e sugeriu que os militares haviam sido alvo de uma “agressão” por parte dos ocupantes do carro. A família contestou a versão e só então o Exército recuou e mandou prender dez dos doze militares envolvidos na ação.

(com Estadão Conteúdo) 

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