O Orkut, rede social mais popular do Brasil, é um campo fértil para discussões e estímulos à realização de rachas – uma prática criminosa. As dez maiores comunidades na rede dedicadas ao assunto somam mais de 150.000 pessoas – só a “Racha na veia” conta com mais de 100.000 usuários.
Os ambientes são recheados de histórias de bastidores, recomendações de locais de disputa, discussão sobre carros e motores e até disputas acerca da velocidade máxima alcançada em um “pega” pelas diversas cidades do país. Nenhuma palavra sobre a morte de Rafael Mascarenhas, de 18 anos, filho da atriz Cissa Guimarães, atropelado por um carro que participava de um racha no Rio, na segunda-feira.
Os participantes das comunidades – jovens com idades entre 18 e 25 anos – se orgulham de passar dos 200 quilômetros por hora durante os rachas, velocidade próxima à atingida pelos carros de Fórmula 1. Diz um dos adeptos: “Dei 215 km/h logo depois de tirar a carteira de motorista com um Vectra”. “Já alcancei a velocidade de 180 km/h em um Astra 2.0”, conta N., uma garota. “O racha de rua é o melhor por ser proibido. Então é só piscar a seta que vou”, conta outro participante.
Em outros grupos, surge uma suposta distinção entre o racha e a “arrancada”, disputa em que motoristas comparam o poder de arranque de seus carros. “Racha é Crime – Arrancada é Esporte”, prega a comunidade com 5.000 adeptos. Errado: praticadas em vias públicas, repletas de cidadãos, ambas as modalidades colocam em risco a vida de inocentes – que sequer decidiram compactuar com elas. Foi exatamente o caso trágico de Rafael.