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“Não somos curandeiros”

O apóstolo Estevam Hernandes foi cobrado por não ter "salvado" seu filho

Por João Batista Jr. Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 Maio 2019, 11h27 - Publicado em 10 Maio 2019, 07h00

Fundador da Igreja Renascer, o apóstolo Estevam Hernandes, de 65 anos, fala pela primeira vez sobre a morte de seu filho, Tid, em 2016, depois de sete anos em estado de coma. A seguir, sua entrevista.

Seu filho foi vítima de erro médico? Os profissionais não pediram exames antes de submetê-lo à cirurgia para a retirada de parte do intestino com o objetivo de perder peso. O histórico dele era delicado: havia feito dois transplantes renais, redução de estômago, sofrera um AVC e tinha um stent no coração.

O senhor chegou a doar um rim ao seu filho? Doei meu rim direito quando ele tinha 13 anos, mas houve uma rejeição anos depois. Ele precisou fazer um novo transplante.

Seu filho entrou em coma em 2009, mas o senhor só iniciou uma batalha na Justiça contra os médicos responsáveis no ano seguinte. Por que a demora? Para os pais, decorre um tempo para perceber o que está se passando e ver o quadro como um todo. O impacto é muito violento. Acionamos a Justiça ao nos darmos conta de que, de fato, houvera um erro brutal: tratava-se de uma cirurgia ainda experimental, meu filho era doente e não foi pedido nenhum exame prévio.

Quando foi a última vez que o senhor conversou com seu filho em estado consciente? No corredor do hospital, após a cirurgia que viria a matá-­lo. O Tid estava aparentemente bem quando sentiu os efeitos da hemorragia. Ele deixou a cirurgia com uma fístula no intestino. Depois, o quadro evoluiu para a ausência de oxigênio no cérebro. Nunca mais ouvi a voz dele.

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Estudos recentes mostram que pacientes em quadro vegetativo conseguem se comunicar com pessoas mais próximas sentimentalmente. É verdade. Ao longo de sete anos e meio, visitamos o Tid todos os dias na UTI. Passamos por muitas situações, ele fez várias cirurgias, precisou sair do quarto em várias ocasiões. Mas sempre havia uma comunicação: uma respiração diferente, um movimento… Ele sentia a nossa presença. Demos carinho e amor – e ele entendia.

O senhor tinha esperança de que ele se curasse? Temos fé em Deus, sempre nutrimos esperança e oramos para a melhora. Sempre nos submetemos à vontade de Deus, mas conscientes da gravidade de sua situação. Ainda que os médicos fossem categóricos a respeito da irreversibilidade do quadro, lá no interior lutamos com todas as forças. Havia motivos para esperança. Apesar do estado vegetativo, Tid teve uma evolução muito boa. Meu filho não sofreu com escaras, feridas comuns em pacientes que ficam muito tempo deitados, na mesma posição. A fístula também se fechou três anos após o coma.

Como a Renascer faz cultos de “cura”, o senhor foi cobrado por não ter “salvado” seu filho. Tais comentários mostram o lado cruel das pessoas. Não somos curandeiros. Existem vários testemunhos de cura através da fé. Mesmo que não tenha a cura esperada, a pessoa ganha força para atravessar uma doença.

Publicado em VEJA de 15 de maio de 2019, edição nº 2634

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