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MP investiga policiais militares por entregas de propinas a políticos

Promotoria vai apurar se PMs cometeram ato de improbidade administrativa ao fazerem 'bico' para uma transportadora de valores usada pela Odebrecht

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 17 jan 2019, 12h54 - Publicado em 17 jan 2019, 12h52

O Ministério Público de São Paulo instaurou nesta quarta-feira 16 um inquérito civil para investigar a conduta dos policiais militares que admitiram à força-tarefa da Lava Jato terem trabalhado na transportadora de valores usada pela Odebrecht para entregar dinheiro de propina e caixa 2 a políticos na capital paulista entre 2010 e 2015.

Pelo menos sete PMs da ativa e aposentados do 14º (Osasco) e do 49º (Pirituba) batalhões prestaram serviço à empresa Transnacional, usada pelo doleiro Álvaro José Novis para fazer os repasses ilícitos da empreiteira. Seis deles estavam na ativa em 2014, quando foi feita a maior parte dos pagamentos. Três policiais se aposentaram entre 2016 e 2017 e outros três permanecem na ativa, com salários que variam de 5.400 a 7.500 reais.

O caso foi distribuído ao promotor Ricardo Manuel Castro, da Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social. Ele vai investigar se os PMs cometeram ato de improbidade administrativa ao fazerem “bico” para uma transportadora de valores. Castro é o autor da ação civil segundo a qual o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) teria recebido 7,8 milhões de reais de caixa 2 da Odebrecht na campanha ao governo do Estado, em 2014. O tucano nega.

Os policiais já são alvo de procedimento disciplinar aberto pela Polícia Militar de São Paulo para apurar desvio de conduta. A lei orgânica da corporação proíbe que os policiais exerçam uma atividade paralela, o chamado “bico”. A apuração é acompanhada pela Corregedoria da PM e pode resultar em sanções administrativas que vão de advertência à demissão.

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Em depoimentos à Polícia Federal, os policiais disseram que trabalhavam em dias alternados na transportadora e recebiam 180 reais. Considerados apenas testemunhas colaboradoras pela PF, eles afirmaram que não sabiam qual era a origem do dinheiro nem quem eram os destinatários.

Colaboração

Considerados “testemunhas colaboradoras”, os policiais viraram peça-chave da última etapa da investigação: a comprovação dos pagamentos listados nas planilhas da Odebrecht. Todos eles afirmaram aos investigadores que não sabiam a origem do dinheiro nem quem eram os destinatários. 

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O PM identificado como cabo Silva, por exemplo, admitiu ter ido ao menos uma vez em 2014 entregar dinheiro no prédio onde um assessor do senador Ciro Nogueira (PP-PI) tinha um apartamento alugado em São Paulo. O parlamentar é acusado de ter recebido 1,3 milhão de reais da empreiteira naquele ano. Ciro Nogueira e o assessor negam que tenham cometido irregularidades e recebido repasses ilegais da construtora.

Contribuição maior aos investigadores foi dada pelos policiais Abel de Queiroz, que ainda está na ativa no 14.º Batalhão, e Wilson Francisco Alves, que se aposentou em 2016. À PF, os dois reconheceram o escritório de advocacia de José Yunes, amigo e ex-assessor especial do ex-presidente Michel Temer, como um dos locais para onde levaram malotes de dinheiro a serviço da Transnacional. 

Temer é acusado de ter recebido 1,4 milhão de reais da Odebrecht. Em setembro do ano passado, a assessoria do Palácio do Planalto apontou “perseguição” ao então presidente ao rebater o inquérito da Polícia Federal. A assessoria disse que o pedido de apoio formal para campanhas eleitorais à Odebrecht ocorreu “dentro de todos ditames legais” e “todos os registros foram feitos em contas do PMDB e declarados ao TSE [Tribunal Superior Eleitoral]”. 

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A defesa de Yunes sustenta que ele não era intermediário de ninguém e que nunca teve contato com os policiais.

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