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Morte de médicos no Rio retoma tensão entre Castro e Dino

Ministro cogita possibilidade de motivação política em crime, assim como no caso Marielle; governador se vê pressionado pelo governo federal

Por Ricardo Ferraz
Atualizado em 5 out 2023, 13h04 - Publicado em 5 out 2023, 11h48

O assassinato de três médicos na madrugada desta quinta-feira, 5, em um quiosque da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, é mais um capítulo da violência no estado que volta a escancarar a tensão entre o governo federal e a administração do governador Cláudio Castro (PL).

Ainda não se sabe o que motivou o crime, já que Marcos de Andrade Corsato, 62 anos, Diego Ralf de Souza Bomfim, 35 anos, e Perseu Ribeiro Almeida, 33 anos, estavam na cidade apenas para participar de um congresso na área de ortopedia. O fato de Diego Ralf ser irmão da deputada federal Sâmia Bonfim (PSOL), no entanto, levou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), a levantar a possibilidade de a execução ter fundo político. 

“Em face da hipótese de relação com a atuação de dois parlamentares federais, determinei à Polícia Federal que acompanhe as investigações sobre a execução de médicos no Rio. Após essas providências iniciais imediatas, analisaremos juridicamente o caso. Minha solidariedade à deputada Sâmia, ao deputado Glauber e familiares”, escreveu Dino nas redes sociais.

Sâmia, que foi eleita por São Paulo, é casada com o também deputado federal psolista Glauber Braga, representante do Rio de Janeiro, com quem tem um filho. Recentemente, Glauber concorreu às prévias para ser o candidato do partido à prefeitura da capital fluminense, mas perdeu a disputa para Tarcísio Motta. A atuação combativa do casal no Congresso Nacional é uma das linhas de investigação.

Em calorosos debates, tanto Glauber quanto Sâmia se colocam na linha de frente da defesa de valores da esquerda, com veemência. “Não tenho medo do senhor, não tenho medo de Eduardo Bolsonaro, não tenho medo de miliciano nem de defensor de miliciano e torturador”, disse Glauber no plenário, no fim do ano passado, ao rebater a fala de Bibo Nunes, um representante do campo da direita.

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Ele também já bateu boca com o próprio Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Nenhum desses episódios, pelo menos até o momento, extrapolou para fora do parlamento ou foi visto como algo que pudesse ameaçar a integridade física dos deputados progressistas.

A hipótese de crime político levantada por Dino causa mais um incômodo na administração Cláudio Castro, que já havia ficado contrariada com os desdobramentos do caso Marielle Franco, outra representante do PSOL, brutalmente executada em março de 2018.

Após determinação da entrada da Polícia Federal no caso, o delegado encarregado pelas investigações obteve a delação premiada de um dos participantes do assassinato. Elcio Queiroz deu mais detalhes da trama, mas praticamente corroborou os fatos que já haviam sido elucidados pela Polícia Civil do estado. Ele confirmou que dirigiu o carro usado no crime e que o executor dos tiros foi o ex-policial militar Ronnie Lessa.

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A intensa divulgação dos novos elementos por Dino desagradou ao governador do Rio. À época se comentou que o ministro da Justiça estava “batendo bumbo” em meio à ameaça de uma troca de comando da pasta, motivada pela reforma ministerial promovida por Lula para abrir espaço para o Centrão no governo federal.

No ministério, por sua vez, o episódio foi comemorado como a obtenção de um “marco histórico” de um caso emblemático para a esquerda, que segue há mais de cinco anos sem que se revele quem foi o mandante do crime. Quando assumiu o estado, uma das primeiras medidas de Castro foi mudar o comando e a estrutura interna da delegacia de homicídios. Pouco depois, as promotoras que lideravam as investigações no Ministério Público Estadual pediram transferência.

Há duas semanas, houve novos pontos de atrito. As imagens de criminosos ocupando instalações públicas da Favela da Maré vieram a público, em reportagem do Fantástico, e o governo federal determinou o envio de tropas da Força Nacional de Segurança ao estado, com o intuito de reforçar o policiamento da área.

A medida foi tratada em reunião tensa entre a cúpula da Segurança do estado e Ricardo Cappelli, secretário-executivo do ministério e braço direito de Dino. Publicamente, porém, Castro tem elogiado a parceria e diz que trabalha em conjunto com as forças federais. “Houve uma grande cooperação – como nunca vista antes – entre os dois entes, federal e estadual, para a articulação de uma ação conjunta no Complexo da Maré e em outras regiões”, disse o governador em nota.

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O envio das tropas, porém, foi adiado após questionamentos do Ministério Público Federal, que indagou como a atuação ocorrerá. O órgão levantou dúvidas se as operações vão seguir determinações do STF que limitam a ação em áreas de favelas.

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