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Morre Ruy Mesquita, diretor de ‘O Estado de S. Paulo’

Jornalista pertencia à terceira geração de uma das famílias mais tradicionais da imprensa brasileira. Após comandar o extinto ‘Jornal da Tarde’ e o ‘Estadão’, atualmente ele ocupava o cargo de diretor de opinião do Grupo Estado

Por Da Redação
21 Maio 2013, 21h17

O jornalista Ruy Mesquita, que, desde 1996, era o responsável por uma das mais tradicionais e influentes páginas de opinião do jornalismo brasileiro, a seção “Notas & Informações”, da página 3 do jornal O Estado de S.Paulo, morreu nesta terça-feira, 21, aos 88 anos. Ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês desde o último dia 25 para tratar de um câncer de base de língua, que foi diagnosticado em abril. Conhecido como “Doutor Ruy”, Mesquita dirigiu por três décadas o Jornal da Tarde, extinto ano passado, e por quase dez anos o Estadão, principal diário publicado pelo Grupo Estado e o mais antigo entre os jornais brasileiros de grande circulação. Desde 2003, após uma reforma administrativa nas empresas da família, ele ocupava o cargo de diretor de opinião.

Segundo o obituário publicado no site do Estadão, “Ruy Mesquita foi um defensor da liberdade, da democracia e da livre-iniciativa, princípios que sempre nortearam a linha editorial do Estado. Ao longo de seus 88 anos, teve participação ativa em momentos importantes da história do Brasil e da América Latina”.

Ruy Mesquita iniciou carreira no jornalismo seguindo a herança familiar. Seu avô, Júlio Mesquita, inaugurou a mais tradicional dinastia da imprensa brasileira ao assumir, em 1891, o controle de O Estado de S. Paulo. A partir de 1969, Ruy passou a comandar o Jornal da Tarde, que nasceu em 1966 e revigorou a linguagem do jornalismo brasileiro ao adotar uma maneira diferente de contar as notícias, com reportagens longas, escritas com apuro literário, e grandes fotos ou ilustrações que chegavam a ocupar toda a primeira página. Com a morte do irmão Júlio de Mesquita Neto, em 1996, Ruy assumiu a direção do Estadão, onde, quase meio século antes, havia começado como editor da então chamada seção de “Exterior”, a atual editoria “Internacional”.

Tradição – No comando do Estadão, Ruy Mesquita manteve o legado e os princípios de uma instituição centenária, que há quase 140 anos registra em suas páginas o cotidiano de São Paulo e a história do Brasil. Em 1964, O Estado de S. Paulo escreveu um capítulo especial na história do jornal. Inicialmente, o Estadão se colocou ao lado das Forças Armadas, com Ruy Mesquita e outros integrantes da família participando diretamente das articulações que desencadearam o golpe militar. O jornalista, porém, nunca se arrependeu, alegando que a intenção era na verdade evitar um golpe planejado pelo então presidente João Goulart, que colocaria o Brasil na esfera de influência do comunismo internacional, acreditava Mesquita. “Não me arrependo porque, em circunstância iguais àquelas que vivi naquela época, eu faria o mesmo de novo hoje se fosse convidado, como fui convidado por um grupo de militares”, disse numa entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura. “Não me arrependi, embora tivesse nos custado caríssimo a ditadura que se instalou no Brasil, à nossa revelia e com a qual nós rompemos desde o primeiro momento”.

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Censura – De fato, o Estadão marcaria época em sua oposição à ditadura. O jornal chegou a ter uma edição apreendida em 1968 por causa de um editorial horas antes da assinatura do Ato Institucional nº 5 (AI-5), que suspendeu as garantias constitucionais, cassou mandatos políticos e colocou a imprensa sob censura durante sete anos. Nos anos 70, a redação adotou como forma de protesto a publicação de trechos de Os Lusíadas, clássico de Luís de Camões, nos espaços mutilados pelos censores, enquanto seu “irmão” mais novo, o Jornal da Tarde – sob a direção de Ruy Mesquita – trazia receitas de bolo no lugar dos trechos proibidos.

No início da década passada, ao fazer uma profunda reestruturação corporativa que retirou os integrantes da família Mesquita do comando gerencial das empresas, o “Doutor Ruy” foi um dos poucos a manter um cargo no Grupo, mas passou de diretor-responsável do Estadão a diretor de opinião. Assim, Mesquita continuou fazendo o que mais gostava: escolher os assuntos dos editoriais – que chamava simplesmente de “notas”. Nos últimos anos, ele buscou arejar a linguagem dos textos em que a instituição O Estado de S. Paulo expressava sua visão do mundo e dos acontecimentos, mas não abriu mão das ideias que forjaram a linha liberal do jornal e seus princípios fundamentais: liberdade política, liberdade de expressão e livre iniciativa.

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