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Morre, aos 71 anos, o jornalista Reali Júnior

Por Da Redação
9 abr 2011, 13h55

O jornalista Elpídio Reali Júnior morreu neste sábado, em São Paulo, aos 71 anos. Há dois anos, ele havia sido submetido a um transplante de fígado. O jornalista morreu pela manhã, em casa. Correspondente em Paris durante quase 38 anos, o jornalista começou a trabalhar como repórter da Rádio Jovem Pan aos 16 anos de idade. O adolescente que entrava no gramado para entrevistar os jogadores de futebol com um enorme gravador nas mãos ganhou o apelido de Repórter Canarinho que logo lhe deu projeção Brasil afora.

Nascido em 1941 em Bauru, onde passou os primeiros anos da infância, sempre manteve elos com a cidade natal. Foi ali que conheceu Pelé, o menino Édson Arantes do Nascimento que se destacava no Baquinho, time infantil do Bauru Atlético Cube. Reali era filho de pai de raízes italianas e de mãe descendente de baianos, família de costumes rurais na fazenda Tibiriçá, sustento da família.

Depois de fazer o primeiro ano do curso primário em Santos, onde seu pai, Elpídio Reali, delegado de polícia e mais tarde secretário estadual de Segurança trabalhou, Reali mudou-se para São Paulo, na Vila Nova Conceição, então um bairro de chácaras de legumes e flores. “Minha turma era da pá virada”, contou o jornalista em depoimento a Gianni Carta em gravação para o livro Às Margens do Sena (Ediouro, 2007), lembrando a disputa da criançada na caça aos balões que caíam num eucaliptal da Avenida Indianópolis. Era o goleiro do time de futebol de rua – “não era um craque, mas era o dono da bola”.

Reali tinha 14 anos e Amélia tinha 13, quando começaram a namorar. Estudavam em Higienópolis – ele no Colégio Rio Branco e ela no Sion – saíam para um cineminha e comer um macarrão no centro da cidade, naturalmente escondido dos pais. “O primeiro beijo foi na bochecha”, recordou Reali, mais de 50 anos depois. “Até hoje estamos namorando”, acrescentou. Ao conseguir o emprego na Jovem Pan, então Rádio Pan-Americana, já estava pensando em se casar. Casaram-se em janeiro de 1961 e já tinham suas quatro filhas – Luciana, Adriana, Cristiana e Mariana – quando se mudaram para a França.

Ele era repórter de rádio, mas trabalhou também em jornais e participou de programas de televisão. Seu primeiro jornal foi o carioca Correio da Manhã, sucursal de São Paulo. Depois foi para a sucursal de O Globo e escreveu para os Diários Associados, sem nunca abandonar a Jovem Pan. Na madrugada de 1.º de abril de 1964, no golpe militar, estava ao lado do governador Ademar de Barros no Palácio dos Campos Elísios – um dos poucos repórteres que conseguiram entrar. Nos anos seguintes acompanhou todos os principais fatos políticos do país, ao mesmo tempo que cobria outros assuntos.

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Paris – “Sempre escrevi sobre qualquer assunto, minha formação de jornalista autodidata, construída pedrinha sobre pedrinha, me dá essa possibilidade”, gravou no depoimento a Gianni Carta. Suspeito de ser comunista, o que sempre negou, ficou na mira da repressão e por isso achou melhor ir para o exterior. Viajou para Paris em setembro de 1972. No ano seguinte, foi contratado pelo jornal O Estado de S. Paulo, pouco depois da queda de um Boeing da Varig nas imediações do aeroporto de Orly.

Como correspondente 24 horas à disposição da Rádio Jovem Pan e do jornal O Estado de S. Paulo, era Reali quem mais viajava, tanto pelo interior da França como para outros países. Numa época de telecomunicações ainda precárias, transmitia o material por cabines públicas de telefone e brigava com os colegas por um terminal de telex. Não havia internet, as ligações telefônicas com o Brasil dependiam de tempo e sorte. Como também não existiam cartões de crédito, o repórter era obrigado a carregar dólares no bolso.

(Com Agência Estado)

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