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Milagres do amor: Sara Winter, ex-Femen, agora é “fofa”

Ativista deixou a família em São Paulo para viver com o noivo no Recife e ficar "bêbada de amor", cozinhando e cuidando da casa

Por Pollyane Lima e Silva, do Rio de Janeiro
11 jun 2013, 17h13

O dia dos namorados de Sara Winter será romântico. Nada de protestos, topless em público ou cara de enfezada em praça pública. A ex-líder brasileira do grupo ativista Femen quer saber é de “ficar bêbada de amor”, a melhor coisa do mundo, como afirma ela em um de seus posts mais recentes no Facebook. Há apenas dois meses, a jovem paulista nascida na cidade de São Carlos falava ao site de VEJA sobre os planos de instalar no Rio de Janeiro uma filial do movimento feminista que nasceu na Ucrânia. A razão? Ficar perto dos inimigos.

De lá para cá, a vida deu uma guinada digna de novela das oito: na quinta-feira passada, Sara desembarcou no Recife para viver com o noivo, que conheceu há quatro meses. “Estou deixando para trás a minha família, praticamente uma empresa que eu tenho, e nada disso importa para mim, porque vou estar do lado dele mais tempo, apoiando no que ele precisar”, conta ela, em vídeo. Não um vídeo qualquer, mas um filmete promocional de uma loja, parte de uma campanha para o Dia dos Namorados. Sara é a campeã de acessos: teve mais de 100.000 visualizações no YouTube em uma semana.

O amor operou uma transformação profunda na ex-líder do Femen. Sara deixou para trás o tom raivoso no discurso. “Meu noivo passou em um concurso público e tem que ficar lá até o fim do ano. Eu não quero ficar longe dele, então, me mudei”, conta, com a voz quase melosa na nova conversa com o site de VEJA, concedida por telefone, enquanto lavava roupas na casa nova. “Não sei explicar. Só sei sentir, só sei amar”, resume, na gravação do YouTube.

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Sara está prestes a completar 21 anos. Acumula algumas experiências que a maioria das jovens não tem – principalmente a de protestar exibindo o corpo e enfrentando policiais. Ela não enxerga contradições no estilo de antes e o de agora. Na mesma página do Facebook que usa para se declarar diariamente para o noivo, ela se define como: linda, noiva, livre e FEMINISTA! (assim, em caixa alta mesmo). Garante ser possível conciliar os papéis de mulher dedicada ao companheiro e ao movimento ativista ao mesmo tempo. “Sou feminista, e o fato de eu ter um noivo não muda nada. Quero políticas públicas igualitárias e também quero casar e ter filhos, uma família. Não tem nada de errado com isso”.

Contradição pode não haver. Mas que dá mais trabalho, dá. Sara mora sozinha desde os 16 anos. E diz saber fazer “muito bem” as tarefas de uma dona de casa. Tem entre os planos o de ser “provedora da casa junto com o marido”. Só não abre mão de cozinhar para ele. “Fico feliz. Por mim, dou comida na boca dele o dia todo”, conta. “Isso não tem a ver com uma mulher servindo um homem, mas sim com uma pessoa cuidando da outra que ama”, explica.

A saída do Femen não estava planejada, mas foi graças ao fim da “sucursal brasileira” que ela conseguiu tempo para escolher o novo lar com o amado e se mudar quase que imediatamente com ele – antes, a ideia era permanecer no Rio pelo menos até julho, depois de levar seus protestos pela Copa das Confederações e Jornada Mundial da Juventude.

A saída – Sara nega ter sido expulsa do Femen. A ucraniana Alexandra Shevchenko, uma das fundadoras do grupo, anunciou no mês passado o desligamento da brasileira. “A pessoa que nos representava, a Sara Winter, não faz parte do nosso grupo. Tivemos muitos problemas com ela. Ela não está pronta para ser líder”, criticou a ativista.

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A brasileira rebate. Diz ter sido iludida pelo movimento, que se mostrou autoritário e distante da realidade brasileira. “Não saí do Femen Brasil, ele é que deixou de existir. Foi uma decisão unânime, dos ativistas (cerca de 15) e colaboradores (em torno de 20). Todos decidiram que não queriam mais ser comandados pelo Femen Ucrânia”, destaca, admitindo problemas de relacionamento com as líderes europeias. “Quando ela diz que não sou uma boa líder, ela quer dizer que não estou disposta a receber ordens dela. E isso é verdade”, assume.

Sara acusa as ex-companheiras de agirem com o mesmo rigor dos governos e das ideologias que condenam. “Elas exigiam ações que não condiziam com nossas necessidades (certa vez, a brasileira contou ter recebido a ordem de pichar o Cristo Redentor). O Femen luta contra as ditaduras, mas é uma ditadura”, afirma ela, que cita como exemplo o radicalismo com o qual é tratado o islamismo, por exemplo. “O movimento ucraniano acabou se tornando muito agressivo, atacando a fé dos outros e fazendo protestos nada pacíficos. Não queríamos mais fazer parte de algo assim”, diz ela.

Novo grupo – Mas a jovem não quer deixar de surfar a onda de protestos. Por isso, trabalha em um novo projeto: os BASTARDXS (leia-se bastardos ou bastardas). O novo grupo já tem quatro membros oficiais e usa a letra “x” para substituir as vogais e não determinar o gênero dos participantes. Ou seja, homens também serão bem-vindos – inclusive o companheiro de Sara, que por enquanto prefere atuar apenas como simpatizante. “As pessoas acham que o feminismo só atende demandas femininas, mas não. Se a gente está lutando por igualdade, nada mais justo que homens e mulheres possam protestar de forma igualitária”, salienta. O topless – marca característica do movimento original – continua, mas acompanhado de “coisas mais inteligentes do que só invadir um lugar e tirar a roupa”, acrescenta.

Leia mais:

Leia mais: ‘O seio não é um objeto sexual. É uma arma de protesto’

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