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Matthew Miranda Gondin, 25: o incômodo com os seios

Filho de um militar da Aeronáutica e de uma evangélica, que não aceitam sua condição até hoje, fez seus pelos crescerem, mas ainda sonha em retirar as mamas

Por Fernanda Bassette
Atualizado em 13 out 2017, 18h16 - Publicado em 13 out 2017, 09h00

Filho de um militar da Aeronáutica e de mãe evangélica, Matthew Miranda Gondin, de 25 anos, demorou para se aceitar como homem transexual e assumir a sua identidade masculina. Tinha medo da reação dos pais – que até hoje não aceitam sua condição e o chamam pelo nome de nascimento, assim como o resto da família. “Eles não entendem a diferença de orientação sexual e de identidade de gênero. Para eles, sou uma mulher lésbica”, conta.

Matthew nasceu menina, mas desde criança sonhou em ser um menino. “Percebi que era diferente por volta dos 6 anos. Enquanto as meninas queriam brincar de boneca, eu queria jogar bola, brincar de taco, de esconde-esconde. Brincadeiras de moleque mesmo.” Os problemas surgiram na puberdade, quando apareceram os intrusos seios e desceu a primeira menstruação. “Foi um trauma, me sentia estranho, aquilo estava errado”, lembra.

Na escola, começaram os ataques verbais dos colegas, pois Matthew já se vestia praticamente como menino. Aos 14 anos, começou a ser abusado sexualmente por um familiar muito próximo, o que lhe causava ainda mais angústia por causa das ameaças que recebia. Por volta dos 15 anos, descobriu que era um homem transexual, mas ainda assim, não se aceitava plenamente. “Eu morava com meus pais, e eles não aceitavam. Então, eu não podia ser quem eu queria, embora já me vestisse e me comportasse como um homem”, diz.

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Cansado de se esconder atrás de uma mentira, aos 23 anos Matthew começou a tomar hormônio masculino por conta própria. Consegue as receitas pela internet e compra direto na farmácia. O vidro com três ampolas, suficientes para três meses, custa cerca de 45 reais. Em um mês, Matthew já percebeu as diferenças, especialmente o aumento na quantidade de pelos.

Enquanto as meninas queriam brincar de boneca, eu queria jogar bola, brincar de taco, de esconde-esconde. Brincadeiras de moleque mesmo

Nesse meio-tempo, conheceu a chef de cozinha Amanda, com quem se casou após quatro encontros. É com ela que ele divide a cozinha, ajudando na produção de marmitas de comidas saudáveis e veganas para entrega em Florianópolis (SC). Também trabalha como auxiliar de escritório em uma empresa de bebidas para complementar a renda, mas ainda alimenta o sonho de se formar em fisioterapia.

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Matthew ainda não retificou o nome e também não retirou as mamas por falta de recursos, o que lhe causa um tremendo desconforto. Para esconder os seios, usa uma faixa chamada binder, apertando as mamas o máximo que consegue. “Chego a ficar com falta de ar, e a pele fica em carne viva”, diz. Ele chegou a criar uma vaquinha on-line para buscar verba para a cirurgia, não atingiu a meta, mas não desistiu. “Para eu me sentir completo mesmo, só depois da mastectomia. Um dia eu farei”, finaliza.

Conheça a história de dez transexuais


Ariadne Ribeiro
36 anos, pedagoga

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Bruna Coutinho da Silva
52 anos, professora


Erick Barbi
38 anos, músico, empresário e publicitário


Gabriel Graça de Oliveira
51 anos, psiquiatra e professor

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Jordhan Lessa
50 anos, guarda civil


Laura de Castro Teixeira
36 anos, delegada


Leona Jhovs
30 anos, atriz, produtora e apresentadora

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Luca Scarpelli
27 anos, publicitário


Luiza Coppieters
38 anos, professora


Matthew Miranda Gondin
25 anos, auxiliar de escritório e empresário

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