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‘Marielle não temia por sua própria vida’, diz coronel da PM

Ibis Pereira, ex-chefe de gabinete da PM do Rio, e que se autointitula 'comunista', foi amigo de Marielle e militante pelos direitos humanos

Por Luiz Felipe Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 mar 2018, 22h00 - Publicado em 18 mar 2018, 14h42

“A Marielle tinha um interesse muito grande por segurança pública, mas não temia por sua própria vida.” A afirmação é do coronel Ibis Pereira, ex-chefe de gabinete da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro e amigo de Marielle Franco. Pereira teve sua última conversa com a vereadora dias antes de ser assassinada, no Rio de Janeiro. “Nas nossas últimas conversas, ela não estava preocupada com sua própria segurança, mas com a do Rio de Janeiro, do Brasil, com o ano eleitoral, todas essas tensões.”

Ibis Pereira, de 54 anos, deixou a PM e passou à reserva em janeiro de 2016. Assim como Marielle, fez parte da equipe do deputado Marcelo Freixo (PSOL) – era consultor – e se aproximou da vereadora, que constantemente prestava auxílio aos familiares de policiais mortos. “Quando estive na PM conversávamos muito, porque o trabalho dela era inclusive de defesa dos policiais, ao contrário do que muita gente acredita. Ela era contra mandar policial para as favelas, essa politica pública equivocada. Esse jeito de atuar adoece os policiais, nossa policia está doente, por falta de politica publica”, diz.

Ibis lamenta que, junto à solidariedade a Marielle em todo o país, tenham proliferado também fake news e discursos de ódio. “A repercussão tem sido intensa e esperada, mas por outro lado, há uma reação horrorosa nas redes sociais. Essa turma que defende a violência como caminho de combate à violência, que acredita que bandido bom é bandido morto, aproveitou para destilar seu ódio nas redes. Essa polarização é horrorosa, mas a defesa dos direitos humanos é o único caminho para a democracia.”

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Ibis, que é formado em Direito e Filosofia e se define comunista (apesar de discordar em alguns pontos de Karl Marx), defende que a atual tensão política no Brasil não é nenhuma novidade. “O que acontece hoje aconteceu em 1974 também, não é diferente, esse ódio à esquerda é o ódio ao pobre, em ultima análise. Isso só catalisa esse ódio. Nós somos uma sociedade escravocrata, ainda não superamos a relação da Casa Grande e Senzala.”

Ibis, que não quis falar sobre hipóteses para o assassinato – “não quero ser leviano” – acredita que as manifestações de apoio à luta de Marielle podem trazer um efeito positivo. “Não gosto muito da palavra esperança. Mas tenho um desejo muito grande de que o luto pela morte de Marielle se transforme em luta. Os direitos humanos lutam por isso, pelo controle da força policial e a dignidade dos seres humanos. A Marielle tinha esse compromisso com uma sociedade justa, livre s e solidária.”

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