Rio de Janeiro, 3 mai (EFE).- O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou duramente nesta quinta-feira as políticas de austeridade aplicadas pelos países ricos em resposta à crise, em seu primeiro discurso após superar um câncer de laringe.
Lula afirmou que os países ricos sempre respondem da mesma forma, com o corte dos direitos dos trabalhadores, demissões, aumento da idade mínima de aposentadoria e diminuição do investimento público, enquanto são concedidas ajudas ao setor financeiro, ‘responsável pela especulação que levou à crise’.
‘Punem as vítimas da crise e distribuem prêmios para os responsáveis por ela. Há algo muito errado nesse caminho’, disse Lula em discurso no ato de abertura de um seminário sobre investimentos na África realizado no Rio de Janeiro.
O ex-presidente também opinou que os organismos multilaterais parecem não ter autoridade para impor suas determinações aos países.
Lula defendeu a aplicação de políticas de estímulo ao consumo, distribuição de renda e impulso de grandes obras de infraestrutura para propiciar que os pobres participem do desenvolvimento.
‘O caminho é o que amplia a democracia, distribui renda e impulsiona o consumo’, disse Lula, para quem a qualidade de vida não é medida com o Produto Interno Bruto (PIB) dos países.
‘Para ver a melhora do povo brasileiro não é preciso apenas ver a melhora do PIB como fazíamos antes. Agora o que temos que olhar é a renda. O PIB é importante, mas temos que ver o que distribuímos ao povo para consagrar a renda’, acrescentou.
Este foi o primeiro discurso de Lula em um ato oficial após sua doença e seu tratamento para superar um tumor maligno na laringe que foi diagnosticado em outubro.
Após se submeter ao tratamento de quimioterapia e radioterapia, os médicos anunciaram em março a completa recuperação do ex-governante.
Lula falou 20 minutos nesta quinta-feira, com a voz afetada pelas sequelas da doença, perante uma audiência de 400 pessoas, que o recebeu de pé e com um sonoro aplauso na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). EFE