Lula adia decisão sobre Battisti
Destino do terrorista, acusado de quatro homicídios, será traçado até sexta-feira
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva adiou a decisão sobre a concessão de refúgio ao terrorista italiano Cesare Battisti, acusado de quatro homicídios ocorridos na década de 1970, quando era militante de um grupo extremista de esquerda. A expectativa era de que o anúncio pudesse ocorrer nesta quarta-feira, mas deve ser feito até sexta, quando termina o mandato do petista.
Em visita a Caucaia (CE), o presidente disse que vai levar em consideração o parecer da Advocacia Geral da União (AGU) sobre o futuro de Battisti. Lula esteve reunido com o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, na manhã de terça e teria recebido um parecer recomendando a permanência do terrorista no Brasil.
A decisão de Lula é esperada desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a extradição, em novembro de 2009, mas deixou para o presidente Lula a última palavra sobre o retorno do italiano a seu país de origem. A votação foi encerrada após três dias de julgamento, em um apertado placar de 5 votos a 4. Os ministros entenderam que os crimes imputados a Battisti não tiveram conotação política e não prescreveram.
Acusações – Battisti é acusado de quatro homicídios ocorridos na década de 1970, quando liderava a organização extremista Proletários Armados pelo Comunismo (PAC). À revelia, o italiano foi condenado à prisão perpétua no país de origem.
O julgamento terminou em 1993. No entanto, ele nunca cumpriu pena. Fugiu para a França, onde viveu até 2004, quando o então presidente do país, Jacques Chirac, se posicionou a favor da extradição.
Battisti fugiu de novo e veio parar no Brasil. Em março de 2007, foi preso no Rio de Janeiro e transferido para Brasília. Em 2009, o STF autorizou sua extradição para a Itália e deixou a palavra final ao presidente Lula.
O italiano nega a autoria dos crimes e afirma ser vítima de perseguição política. Chegou a dizer, reiteradas vezes, que a extradição seria um “troféu” para o governo de Berlusconi. A Itália diz que houve crime comum.