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Lindemberg não é bandido, diz advogada de defesa

Ana Lúcia Assad constrói argumentação para corresponsabilizar imprensa e polícia pelo desfecho do sequestro que levou à morte de Eloá Pimentel

Por Carolina Freitas, de Santo André
13 fev 2012, 15h03

A defesa de Lindemberg Fernandes, acusado de matar Eloá Pimentel, de 15 anos, vai defender a tese de que o réu foi levado a atirar contra a ex-namorada por uma série de fatores externos, em 16 de outubro de 2008. No intervalo do julgamento, a advogada de Lindemberg, Ana Lúcia Assad, traçou um perfil pacato de seu cliente e insinuou que a imprensa e a polícia tiveram participação no desfecho do caso.

A linha condiz com a argumentação apresentada pelos vídeos exibidos em plenário pela advogada – uma série de reportagens de televisão mostrando supostos erros da polícia ao negociar a rendição de Limdemberg e questionando a atuação de jornalistas que entrevistaram o sequestrador por telefone durante o cárcere privado.

Entenda o julgamento

  1. • Lindemberg Fernandes é acusado de doze crimes, entre eles o assassinato da ex-namorada Eloá Pimentel, de apenas 15 anos. O julgamento deve durar três dias.
  2. • Etapas:

    – Os sete integrantes do júri popular são sorteados entre 25 moradores de Santo André.

  3. – Em seguida, são ouvidas as cinco testemunhas de acusação. Depois, as quatorze de defesa. Todas podem ser questionadas tanto pela defesa quanto pela acusação.
  4. – Interrogatório do réu. É a última etapa antes da abertura dos debates, com duas horas de exposição para cada lado. Há ainda a possibilidade de réplica e tréplica.
  5. – Os jurados se reúnem na sala secreta para discutir o caso e votar a sentença.
  6. – A juíza Milena Dias, que preside o caso, lê a sentença. Se condenado por todos os crimes, Lindemberg pode pegar de cinquenta a 100 anos de prisão. Pelas leis brasileiras, no entanto, o tempo máximo que alguém pode ficar preso é até trinta anos.

“Ele não é nenhum marginal, não é nenhum bandido, não é perigoso, é primário, tem bons antecedentes. É uma pessoa calma, focada, sensata”, afirmou Ana Lúcia após sair de uma padaria em frente ao Fórum onde almoçou a apenas uma mesa de distância dos assistentes da promotoria, os advogados Ademar Gomes e José Beraldo. “Ele é um rapaz de paz, um rapaz de bem.”

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A advogada insinuou ainda que há outros culpados além do réu pelo desfecho do sequestro. “Todos são corresponsáveis, inclusive a sociedade. Não posso falar”, disse Ana Lúcia. “Preciso garantir que ele seja julgado conforme determina a Constituição e não transformado num bode expiatório.” De quem? Ana Lúcia fechou a cara e não respondeu.

A advogada enfrentou protestos ao chegar ao Fórum depois do almoço. De salto agulha, saia lápis nude, camisa branca acinturada e longos cabelos pretos encaracolados, ela não conseguiu passar despercebida.

Misturaram-se manifestações de um grupo de jovens pelos atributos da advogada e gritos de “justiça” e “assassino” proferidos por senhoras que aguardavam em fila para acompanhar o júri.

Quebra do silêncio – A defesa garantiu que o réu falará, pela primeira vez, sobre o caso ao longo do julgamento. Ele havia se negado a depor para a polícia e para a Justiça. “Ele não falou antes porque quem vai decidir a situação dele não é o delegado nem um juiz togado, mas o júri popular”, explicou Ana Lúcia. “Ele não vai dissimular de nenhuma forma. Vai falar a verdade.”

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A advogada tem se feito presente ao lado do réu o tempo todo. Quando foram exibidos em vídeo momentos tensos da negociação para a libertação de Eloá, Ana Lúcia troca olhares com Lindemberg. Enquanto era exibida a entrevista feita pela apresentadora Sonia Abrão com o réu, ainda durante o sequestro, Ana Lúcia, que andava sem parar pelo tribunal, postou-se ao lado de Limdemberg e colocou a mão sobre o ombro dele, como a consolá-lo.

Sentado em uma cadeira estofada, de frente para os sete jurados – seis homens e uma mulher, todos com mais de 35 anos – Lindemberg aparenta calma. Às 15 horas, a defesa concluiu a exibição de uma série de vídeos sobre o caso e iniciou-se a audição da primeira testemunha da acusação, Nayara Rodrigues da Silva, de 18 anos, amiga de Eloá, feita refém por Lindemberg e que foi ferida com um tiro no rosto no desfecho do sequestro.

A pedido da Nayara, Lindemberg foi retirado da sala.

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