Lava Jato do Rio oferece meio bilhão de reais da corrupção para vacina
Ofícios foram encaminhados à União, PGR e ao STF para saber a viabilidade da destinação dos recursos que estão parados em contas jurídicas
A força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro anunciou nesta quinta-feira, 28, a intenção de usar 552,5 milhões reais para comprar vacina contra o novo coronavírus. O dinheiro foi recuperado de esquemas de corrupção. Ofícios foram expedidos à Advocacia-Geral da União (AGU), Procuradoria-Geral do Estado (PGE), Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao Supremo Tribunal Federal (STF) para saber a viabilidade da destinação dos recursos que estão parados em contas jurídicas. O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, responsável pela custódia dos valores, também recebeu a notificação dos procuradores fluminenses.
“Consultamos a União se há interesse em realizar o levantamento antecipado dos valores custodiados em contas judiciais, com a finalidade específica de aquisição de vacinas para a imunização contra a Covid-19, o que se justificaria dada a situação de emergência na saúde pública e a urgente necessidade de imunização da população”, explica o ofício assinado pelos membros da força-tarefa da Lava Jato.
Em caso de concordância, os procuradores vão requerer a Marcelo Bretas a transferência do dinheiro às contas indicadas pelos representantes governamentais. “Está vedada a realização de cerimônia ou solenidade para recebimento dos recursos por causa da situação emergencial sanitária, bem como em respeito às vítimas da Covid-19 e seus familiares, além do respeito ao princípio da impessoalidade, que rege os atos administrativos”, ressalta a nota oficial divulgada pelo Ministério Público Federal (MPF).
Formada por oito procuradores, a Lava Jato do Rio atua há pelo menos quatro anos e meio. Dezenas de políticos, empresários, doleiros e agentes públicos foram presos durante este período em operações deflagradas contra desvios de dinheiro. Na lista, estão alvos como os ex-governadores Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão, além do ex-presidente Michel Temer. A partir de abril, no entanto, o MPF pretende criar o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), igual ao que já existe no Ministério Público Estadual. A mudança marcará o fim da força-tarefa no estado.