Com protestos e pedidos de justiça, as famílias das 18 vítimas da maior chacina no ano em São Paulo velaram e sepultaram os mortos na manhã deste sábado, nos cemitérios municipais de Osasco e Barueri. Os parentes dos executados por mascarados na noite de sexta-feira cobraram as autoridades paulistas para que os assassinos sejam presos. A força-tarefa da Secretaria da Segurança Pública suspeita que policias militares sejam os responsáveis pela série de assassinatos.
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Os criminosos utilizaram dois carros, uma moto e fizeram os disparos em nove locais, em um intervalo de 3 horas e 15 minutos. Até a manhã de sábado, ninguém foi preso. “Precisam investigar. Ninguém sabe o que motivou essa guerra”, afirmou o motorista Carlos Antonio de Oliveira, pai do ajudante de obras Igor Oliveira, de 19 anos, executado com tiros no rosto em um bar de Osasco. O pai estava em outro bar na mesma hora, próximo do local onde o jovem foi assassinado. Na noite do ataque, Oliveira ouviu os tiros, mas pensou tratar-se de armas de chumbinho. “Um vizinho avisou, corri lá e vi o corpo dele. Fui ver se dava para socorrer, mas tinha tomado um tiro no rosto”, lamentou. O ajudante foi enterrado com uma camisa do Palmeiras.
A doméstica Maria José de Lima Filho, de 49 anos, também pediu que os responsáveis pela morte do filho, o adolescente Rodrigo Lima da Silva, de 16 anos, não fiquem impunes. “Vi meu filho deitado em uma poça de sangue e essa imagem não sai da minha cabeça. Preciso de justiça.” Silva não estudava e fazia bicos como entregador em um mercado de Osasco. O jovem namorava uma adolescente de 14 anos grávida de 3 meses. “Vou cuidar desse neto e dessa menina como se fossem meus filhos. Esse bebê vai ser um pedaço do Rodrigo.”
O operador de máquinas Jonas de Santos Soares, de 33 anos, foi enterrado ao lado de Oliveira. Eram amigos de infância. Ele deixou três filhos pequenos, de 4, 7 e 8 anos. “Espero a justiça de Deus. Sobre a da terra, nem sei o que esperar mais”, disse a mulher de Soares, Angela Maria Pereira, casada com ele havia 12 anos. Segunda ela, o marido estava de folga no dia e disse que ia beber uma última cerveja antes de ir para casa. “Não usava drogas, era um homem trabalhador”, afirmou.
Familiares e amigos do conferente Eduardo Cesar, de 25 anos, estavam desde às 8 horas no cemitério de Osasco. “Não tinha briga com ninguém. Era um pai de família, inocente”, disse a irmã, Denise Bernardino, de 24 anos. Ela teme que outras pessoas possam ser mortas. “Quem fez isso deve estar rindo agora. Deve estar planejando fazer o que fizeram ao meu irmão com mais gente.” Ele tinha uma filha de dois anos. “Não fez nada de errado. Pelo contrário, quando eu aprontava alguma coisa, ficava na rua, ele mandava ir pra casa. Era um cara caseiro”, disse o irmão Marcos Roberto Cezar, de 34 anos.
(Com agência Estadão Conteúdo)