A Justiça do Rio de Janeiro concedeu nesta madrugada um habeas corpus para soltar os 439 bombeiros presos após a invasão do quartel central da corporação. Eles invadiram o local durante uma manifestação por melhores condições de trabalho, há uma semana. Os bombeiros exigem imediata elevação do piso salarial da corporação de 1.187 reais para 2000 reais. O habeas corpus foi dado pelo desembargador Claudio Brandão, do Tribunal de Justiça do Rio, e anunciado no final da manhã por uma comissão de deputados federais.
Foi a segunda vitória do movimento em menos de 24 horas. Nesta quinta-feira, o governo estadual decidiu antecipar para julho o reajuste que seria escalonado até dezembro pelo plano de recomposição salarial da categoria e anunciou a criação da secretaria de Defesa Civil, que tem como titular o comandante geral do Corpo de Bombeiros, Sérgio Simões. O comandante, nomeado no último sábado, manteve desde que assumiu uma postura conciliadora. Na tentativa de conter a radicalização do movimento, que chegou ao auge na invasão do QG, Simões pediu um voto de confiança e apelou pela volta à normalidade.
Em sua primeira entrevista, na tarde de ontem, mandou um recado claro sobre a prisão dos 439 bombeiros. “A normalidade a que me refiro é ter o quanto antes a solução para esses profissionais que estão presos. É claro que esses homens são necessários à tropa, são bons profissionais, e a volta deles será muito oportuna”, disse. Ao mesmo tempo, deixo claro que a antecipação de 5,75% foi uma clara demonstração do governo de que é necessário repor o poder aquisitivo da corporação, mas é o possível no momento.
Até o momento, a antecipação do reajuste só vale para este ano. A partir de 2012, volta o programa atual de reposição, de 1% ao mês. Com a antecipação, o salário de um soldado que ingressa hoje, sem dependentes, passa de 1.187 reais para 1.265 reais, o que objetivamente muda muito pouco a situação. Por isso, Simões disse que vai verificar junto à secretaria de Planejamento se existem alternativas de valores ou prazos que se traduzam em ganhos mais palpáveis.
O movimento jogou o governo Sérgio Cabral em situação delicada. Há uma semana bombeiros e familiares ocupam as escadarias da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, e ganharam o apoio de atores da novela Morde e Assopra, que lançaram a campanha “Rio Vermelho”, pedindo que a população use fitas vermelhas em solidariedade aos bombeiros e convocando uma manifestação para o domingo, em Copacabana.