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Justiça britânica abre investigação sobre escândalo das escutas ilegais

Por Por Denis Hiault
28 jul 2011, 15h28

A investigação pública britânica responsável por esclarecer o escândalo político-midiático das escutas ilegais e de extrair as lições em relação à ética jornalística foi oficialmente aberta nesta quinta-feira em Londres.

Presidida por Brian Leveson, um dos juízes de mais alto escalão do Reino Unido, a comissão, composta por seis membros, começará suas audiências em setembro. Entregará suas conclusões em um ano e trabalhará paralelamente à investigação policial, que até o momento já efetuou dez prisões.

O primeiro-ministro David Cameron deu uma dupla missão à investigação: esclarecer a responsabilidade de cada ator no escândalo das escutas e também “investigar sobre a cultura, as práticas e a ética da imprensa”. Neste sentido, deverá fazer recomendações para obter “melhores garantias” de “respeito à vida privada”, lembrou o juiz Leveson.

Os empresários do mundo da imprensa temem que a investigação danifique o “direito do público a ser informado”.

Este princípio garante um jornalismo de investigação universalmente reconhecido. No entanto, também serviu de desculpa no passado para justificar práticas abusivas, sobretudo dos tabloides, obcecados pelos furos de reportagem em sua busca por leitores.

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“Não escaparemos de um debate sobre os limites da noção de interesse público”, advertiu o juiz Leveson.

O tabloide News of the World (NotW), pertencente à filial britânica do grupo News Corp, do magnata Rupert Murdoch, iniciou o escândalo. Fechado no início de julho, suspeita-se que escutou ou leu as mensagens de cerca de 4 mil pessoas desde o ano 2000.

O juiz Leveson lembrou que outros meios de comunicação são suspeitos de “práticas discutíveis”, como o recurso excessivo a detetives particulares, usurpação de identidades, uso de câmeras escondidas, etc. Um relatório oficial de 2006, recém publicado, fala sobre práticas abusivas nas quais estão envolvidos “300 jornalistas de 31 publicações diferentes”.

Entre os denunciados figura também a Scotland Yard, acusada na melhor situação de incompetência em sua investigação e na pior de corrupção, já que suspeita-se que alguns policiais se deixaram subornar em troca de facilitar informações confidenciais.

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Os políticos também não se salvam, começando por David Cameron, que é acusado de ter realizado “vínculos incestuosos” entre o poder político e a imprensa que agora denuncia.

O primeiro-ministro disse que está disposto a testemunhar pessoalmente para justificar seus frequentes encontros com Rupert Murdoch (26 no total) e seus colaboradores, e, sobretudo, sua decisão de contratar como diretor de comunicação Andy Coulson, ex-redator-chefe do News of the World e agora envolvido no escândalo das escutas.

Para evitar qualquer suspeita de conflito de interesses, cada membro da comissão revelou nesta quinta-feira suas relações passadas com o mundo midiático.

Os membros são um ativista pró-Direitos Humanos, um alto funcionário da polícia, dois jornalistas e o ex-presidente do Financial Times, além do juiz Leveson. O juiz “confessou” ter jantado em duas ocasiões na casa de Elisabeth Murdoch, filha de Rupert.

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As audiências serão públicas, razão pela qual a investigação promete uma grande visibilidade.

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