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Julgamento de dois réus do caso Celso Daniel é adiado

Os interrogatórios de Ivan Rodrigues da Silva, José Edison da Silva e Rodolfo Rodrigo dos Santos Oliveira acabaram por volta das 13h desta quinta-feira. Eles negaram a participação na morte do prefeito

Por Valmar Hupsel Filho
10 Maio 2012, 11h41

Pelo menos dois dos cinco acusados pelo assassinato do ex-prefeito de Santo André não serão julgados nesta quinta-feira, como previsto. Os advogados de Itamar Messias dos Santos Filho e Elcyd Oliveira Brito, o John, solicitaram desmembramento do julgamento argumentando pouco tempo para apresentação de suas argumentações e, diante do veto do juiz, abandonaram o júri. Itamar e Elcyd serão julgados no dia 16 de agosto.

Por causa do abandono dos advogados, o julgamento dos outros três réus – Ivan Rodrigues da Silva, conhecido como Monstro, Rodolfo Rodrigo dos Santos Oliveira, o Bozinho, e José Edison da Silva – teve início com aproximadamente duas horas de atraso. Às 11h10, os jurados foram definidos em concordância entre defesa e acusação. São três mulheres e quatro homens. O irmão de Celso, Bruno Daniel, está na plateia.

“Tenho que garantir uma defesa ampla e técnica”, argumentou Ariton Jacó, advogado de Santos Filho. Enquanto a acusação terá duas horas e meia para apresentar suas argumentações, a defesa de cada um dos réus terá cerca de 30 minutos para apresentar sua tese. “É impossível num processo de 35 volumes e 10.000 páginas, garantir a ampla defesa neste tempo”, completou.

Segundo Jacó, no último dia 8 o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu habeas corpus em favor de Santos Filho, mas seu cliente continua preso na Unidade de Presidente Wenceslau. “No julgamento de 16 de agosto teremos paridade com a acusação”, argumentou Ana Lúcia dos Santos, defensora de Elcyd.

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Os interrogatórios de Ivan Rodrigues da Silva, José Edison da Silva e Rodolfo Rodrigo dos Santos Oliveira acabaram por volta das 13h. Eles negaram a participação na morte do prefeito. “Estava em casa, no Paraná”, afirmou Ivan. “Vim para São Paulo em 20 de janeiro”. Ivan, que já foi condenado por homicídio e assalto, cumpre 38 anos de prisão por esses crimes.

Rodolfo confirmou que estava em São Paulo no dia do assassinato, mas negou as acusações. Ele disse não recordar onde estava na noite do crime, mas que “provavelmente estava trabalhando”.

O caso – O Ministério Público afirma que os cinco acusados foram contratado para matar Celso Daniel pouco depois de o prefeito descobrir que o esquema de corrupção montado na prefeitura para financiar a campanha do ex-presidente Lula à Presidência estava sendo utilizado, na verdade, para uso pessoal dos envolvidos. O promotor Marcio Friggi de Carvalho pretende sustentar a tese de que Celso Daniel foi vítima de crime político. Ele pede a condenação dos réus por homicídio duplamente qualificado: mediante pagamento e com recurso que dificultou a defesa da vítima. Confiante na condenação, o promotor não arrolou testemunhas de acusação. Nesta quinta-feira, está previsto que 13 testemunhas de defesa sejam ouvidas.

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A tese de Friggi de Carvalho é a mesma sustentada pelo promotor Francisco Cembranelli durante o julgamento do primeiro acusado pelo crime a sentar no banco dos réus, Marcos Roberto Bispo dos Santos, em novembro de 2010, que acabou condenado a 18 anos de prisão. Cembranelli defendeu que a morte do petista foi um crime encomendado por uma organização criminosa que desviava recursos públicos da prefeitura. Ele afirma que Celso Daniel morreu porque, indicado coordenador da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva no fim de 2001, passou a discordar da forma como a roubalheira municipal vinha sendo praticada.

O empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, amigo do prefeito morto, foi denunciado pelo MP como mandante do crime. Junto com outros sete acusados, ele responde por homicídio triplamente qualificado. O caso, porém, foi dividido em três processos: um deles apura a participação dos cinco réus julgados nesta quinta, outro envolve apenas Bispo e, o terceiro, somente Sombra – seu julgamento ainda não tem data marcada.

Na noite do crime, Celso Daniel estava acompanhado de Sombra quando foi sequestrado na porta de um restaurante no bairro dos Jardins, em São Paulo. Os criminosos dispararam contra a Pajero blindada de Sérgio Gomes da Silva, que alegou defeito na trava do veículo – tese derrubada por uma perícia, que constatou perfeito funcionamento do equipamento. Dois dias depois do sequestro, o corpo do ex-prefeito foi encontrado com marcas de tortura e oito perfurações feitas por arma de fogo.

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A alegação da Promotoria confronta a tese defendida inicialmente pela Polícia Civil de São Paulo, de que o ex-prefeito teria sido vítima de crime comum, com sequestro seguido de assassinato. Celso Daniel era coordenador do programa de governo durante a pré-campanha de Lula à Presidência, em 2001. Além do assassinato do prefeito, outro crime circunda o caso: o esquema de corrupção formado na cidade que ele administrava. Há fortes indícios de que haja uma conexão entre ambos.

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