Jovens encontrados em Mogi podem ser enterrados como indigentes
Famílias se recusam a retirar os corpos e pedem nova perícia. A SSP informa que os corpos serão enterrados por “questões sanitárias”
Os corpos dos cinco jovens encontrados mortos em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, podem ser enterrados como indigentes, segundo a Secretaria de Segurança Pública estadual de São Paulo (SSP). Após duas semanas do desaparecimento das vítimas, as famílias se recusam a retirar os corpos do Instituto Médico-Legal (IML) enquanto não forem feitas novas perícias, informa a edição desta quinta-feira do jornal O Estado de S. Paulo.
Segundo as famílias, ainda restam dúvidas que não foram respondidas pela SSP. A conselheira dos Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humano (Condepe) Cheila Olalla afirmou que a pasta disse que não se sabe quando os jovens morreram e que ainda há dúvidas sobre as munições encontradas próximas ao corpo. “As balas que disseram que estavam nos corpos eram de calibre 38, mas as cápsulas no local do crime eram de calibre .40. Eles [os familiares] querem essas respostas”, diz Cheila.
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Em nota, a SSP informou que, por “questões sanitárias”, os corpos deverão ser enterrados como identificados e não reclamados em até 72 horas. A pasta diz que a “possibilidade de acompanhamento de peritos indicados pelas famílias será analisada se for feita alguma alegação consistente” e que os familiares deveriam apresentar “prova ou evidência de alguma irregularidade ou suspeição em relação ao trabalho dos peritos oficiais”.
O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) instaurou um inquérito para investigar as mortes e o suposto envolvimento de policiais no caso. A Corregedoria da Polícia Militar acompanha a investigação da Polícia Civil, que segue sob sigilo.
Desaparecimento e mortes
Os jovens Robson Fernandes Donato de Paula, de 16 anos, Caíque Henrique Machado Silva, Jonathan Moreira Ferreira, ambos de 18, Cesar Augusto Gomes da Silva, de 19 anos, e Jonas Ferreira Januário, de 30, desapareceram em 21 de outubro, quando iam da Zona Leste de São Paulo para uma suposta festa em Ribeirão Pires onde se encontrariam com garotas.
Após saírem da Zona Leste, os rapazes foram parados pela polícia e, em um áudio enviado por mensagem para uma amiga, um dos rapazes diz: “Os polícia [sic] tá me esculachando. Não vai ter como encostar ai nas duas pistas não, mano. Cê [sic] é louco, o bagulho tá louco”.
Os corpos dos cinco jovens foram encontrados enterrados no fundo de um barranco na Zona Rural de Mogi. Havia cal jogado em cima das covas, um dos corpos encontrados estava sem cabeça e usava fralda. Robson era cadeirante e usava fraldas. Ele ficou paralítico após levar um tiro na coluna disparado por um policial militar, há dois anos.