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José Luiz Penna: “PV passa por um surto de partido grande”

Presidente diz ao site de VEJA que tentará desfecho pacífico para guerra interna

Por Carolina Freitas
24 mar 2011, 22h32

Acusado de autoritarismo por ocupar há 12 anos a presidência do Partido Verde, o deputado federal José Luiz Penna decidiu reagir e sair em defesa de uma solução pacífica para a guerra interna instalada na legenda. A renovação por mais um ano do mandato de Penna, aprovada em reunião da executiva na semana passada em Brasília, desencadeou uma torrente de críticas de dissidentes que se uniram e formaram uma corrente de oposição, a “Transição Democrática“. Nome mais popular do PV, a ex-candidata verde à Presidência da República, Marina Silva, aderiu ao movimento e divulgou, na quinta-feira, carta de duas páginas recheada de ataques velados ao presidente do partido. “Se deixarmos de lado a renovação política dentro do partido, acabou-se a moral para falar de sonhos, de ética, de um mundo mais justo e responsável com o meio ambiente”, disse a ex-senadora. Em entrevista ao site de VEJA, José Luiz Penna diz não se manter no comando do partido por gosto. Ele cita o senador José Sarney para dizer que o único cargo que exige mais sacrifícios que presidente de partido é o de presidente da Funai. Nega também que esteja centralizando as decisões da legenda. “Sou menos presidente e mais porta-voz do PV. Na prática, o partido é governador por um grupo de pessoas”, afirma Penna. Confira a íntegra da entrevista: Como o senhor explica a situação atual de divisão dentro do PV? Acho que está acontecendo uma anomalia, um surto, uma grande incompreensão. Eu quero acreditar que seja algo passageiro, uma conseqüência do nosso crescimento, um surto de partido grande, algo completamente novo para nós. Se não há dificuldades partidárias, programáticas, fica uma disputa do poder pelo poder. Na opinião do senhor, quem desencadeou a luta pelo poder? Olha, meu papel é arbitrar o conflito. Acho que é legítimo. Se há concordância de ideias, temos de chegar a algum consenso. Se não chegarmos a consenso algum, teremos generosidade com as minorias. Generosidade com as minorias significa o senhor abrir mão de um ano de adicional de mandato aprovado na reunião da executiva? Não existe zona de conforto na presidência de um partido. Aliás, como diz José Sarney, pior que ser presidente de partido só ser presidente da Funai. Por quê? Por causa dessas disputas, dessa mediação que temos de fazer. E ao que o senhor atribui o início dessa disputa? O estopim foi a reunião da executiva nacional, na quinta-feira da semana passada. Todos eram a favor da prorrogação do mandato da executiva. Um grupo defendia marcar eleições para julho, ou seja, num prazo de seis meses. Mas o grupo majoritário entendeu que em seis meses não faríamos mudanças necessárias no partido e resolveu prorrogar o mandato por um ano. A votação acabou em 29 votos para renovação por um ano e 16 votos para renovação por seis meses. O resultado não foi do agrado de alguns. E começou este vendaval. Como o senhor pretende buscar a solução de convergência agora que há um grupo formalmente constituído contra o senhor, o “Transição Democrática”? Temos unidade programática. As bandeiras do partido são inegociáveis, nossa luta pela sustentabilidade, por exemplo. Chegará a um ponto em que aparecerá uma solução razoável. Existe a concordância de que o partido cresceu muito e, por isso, precisa de mudanças. Os integrantes do movimento acusam o senhor de autoritarismo, por se manter na presidência do PV há 12 anos. Nosso modelo de poder interno não é o presidencialismo, mas o parlamentarismo. Sou menos presidente e mais porta-voz do PV. Na prática, o partido é governador por um grupo de pessoas, tanto que Alfredo Sirkis, que integra esse movimento, é vice-presidente do partido. O grupo apresentou nesta quinta-feira em São Paulo um manifesto. Como o senhor vai encaminhar as reivindicações? Vamos observar, ler e colocar as questões para discussão com o conjunto do partido. Não vejo por que o debate tem de tomar essa dimensão. Marina Silva divulgou carta em que reclama da falta de democracia no partido. A que o senhor atribui a insatisfação dela? É uma crise de interesses esquisitos. Parece tudo resultado de uma dificuldade de comunicação. Uma pessoa com a importância de Marina careceu de informações. Quando foi a última vez que o senhor conversou com Marina? Conversamos na reunião da executiva nacional, na quinta-feira da semana passada. Estivemos por horas sentados lado a lado. É importante que se diga que todos no partido têm compromisso com Marina. Quem convidou Marina Silva para o PV fomos nós. Nós fomos os interlocutores de Marina no partido. Dirigentes do PV paulista reclamam que não foram renomeados para o comando do diretório pela executiva nacional. O que aconteceu no caso deles? Aconteceu o mesmo que com os diretórios do Amapá ao Rio Grande do Sul. Não houve canetada em São Paulo. Isso é mentira. Nunca canetei ninguém. Em todos os diretórios estaduais, a renovação se dá por acordo político. Não é automático. Fazemos uma análise do desempenho eleitoral do partido no estado, de quem entrou ou saiu de cargos públicos, de quem tem interesse ou potencial de participar mais ou menos no partido. A partir daí, nomeamos os dirigentes, com mandatos de um ano. Se há um problema com São Paulo é o tamanho da bancada eleita – nove deputados federais e cinco estaduais. Temos de ver o espaço que cada um terá no diretório. Os integrantes da “Transição Democrática” defendem novas fórmulas para escolher os dirigentes do partido, com participação da sociedade. O que o senhor acha da proposta? Vejo com bons olhos. Mas precisamos de tempo para implantar mudanças. Temos antes de experimentar esse modelo em algum lugar, alguma cidade, antes de levar para o âmbito nacional do partido. Para uma ideia sair do papel e ir para a prática há um salto. Um salto, às vezes, para trás. Nós todos somos a favor de mudar. Divergimos quanto ao tempo que essa mudança levará. E foi justo aí que o tempo fechou.


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