Investigação sobre tráfico de influência no TCU não avança
Apuração que envolve o filho do presidente do órgão, o advogado Tiago Cedraz, está parada há vinte dias
O Tribunal de Contas da União (TCU) mantém parada há vinte dias a investigação que apura denúncias de tráfico de influência envolvendo o advogado Tiago Cedraz, filho do presidente da Corte, Aroldo Cedraz. Desde 23 de julho, quando o tribunal anunciou uma apuração sobre o caso, os trabalhos não tiveram avanço. Na terça-feira, Augusto Nardes foi sorteado para ser o relator e conduzir as investigações. O TCU divulgou relatório que cita ao menos 79 visitas de Tiago às suas dependências, mas não informou, na maioria dos casos, para quais gabinetes ele se dirigiu, o que ajudaria a mapear quais interesses defendeu e perante quem.
Tiago fez fortuna à frente de uma banca com forte presença no órgão comandado pelo pai. O escritório foi alvo de buscas na Operação Politeia – braço da Lava Jato que apura a suposta atuação dele para influenciar decisões da Corte, com base em depoimentos do delator e dono da UTC, Ricardo Pessoa.
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A investigação foi aberta por Raimundo Carreiro, corregedor do TCU. Ele, contudo, não ficou à frente do caso, pois foi citado na delação de Pessoa. Em depoimento, o empresário disse ter pago 1 milhão de reais para que Tiago resolvesse pendência de processo da usina de Angra 3, caso relatado por Carreiro. O ministro e Tiago negam qualquer participação em ilícitos.
O registro do destino é exigido pelo TCU de todos os visitantes, inclusive advogados. No caso de Tiago, a informação consta em apenas nove ocasiões. Em oito, a Corte alega que ele se dirigiu aos setores do cerimonial e da OAB. Numa nona, em 8 de julho passado, foi ao gabinete do ministro Bruno Dantas com o deputado Paulo Pereira da Silva (SDD-SP), para tratar de processo de interesse da Força Sindical, alvo de auditorias – entre elas uma que apura dano ao erário em repasses de 1,1 bilhão de reais. Dantas disse que a audiência foi marcada com Paulinho e que Tiago apareceu no gabinete o acompanhando.
Outro advogado do escritório, Thiago Groszewicz Brito esteve cem vezes no TCU a partir de 2006. Mas a Corte só informou o destino dele em oito ocasiões, como nos gabinetes de Carreiro, em 2011, e de Dantas em 28 de julho. A audiência com assessores de Dantas teria sido para tratar de interesses de gestores do Banco do Nordeste em processo sobre irregularidades na concessão de créditos.
Em nota, o TCU informou que suas recepções não costumavam registrar, até junho, o destino dos visitantes devido a dificuldades na operação dos antigos sistemas. Isso só ocorria eventualmente, segundo o órgão. O escritório de Tiago afirmou que o levantamento aponta “média de uma visita a cada dois meses ao local de trabalho do seu pai” e que tal frequência não representa “ilegalidade” ou “anormalidade”. O escritório reafirmou que “não patrocinou interesses do Grupo UTC no TCU”.
(Com Estadão Conteúdo)