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Instituto lança dossiê para pressionar por solução do caso Marielle

Capitaneada por Anielle Franco, organização lança 14 perguntas ainda sem respostas; intenção é cobrar explicação das mortes da vereadora e de Anderson Gomes

Por Marina Lang Atualizado em 12 mar 2021, 21h59 - Publicado em 12 mar 2021, 15h33

O Instituto Marielle Franco e a Anistia Internacional Brasil lançaram, em entrevista coletiva virtual nesta sexta-feira, 12, um dossiê com perguntas e uma série de ações exigindo a elucidação completa do duplo homicídio da vereadora do PSOL e de seu motorista, Anderson Gomes, assassinados em um atentado no dia 14 de março de 2018. No próximo domingo, 14, o crime completará três anos sem esclarecer quem mandou matar Marielle e Anderson, tampouco o porquê.

Além do dossiê, o instituto também apresentou um pacote legislativo – a ideia é levar essas pautas para câmaras e assembleias legislativas em todo o país.

O material divulgado hoje está disponível na internet e lança perguntas sobre temas ainda não esclarecidos pelas autoridades.

Há, também, uma linha do tempo que reconstrói dois pontos: as investigações e a luta dos familiares de Marielle e Anderson por justiça, de março de 2018 até março deste ano. A recordação se encerra com a reportagem de VEJA, publicada na última sexta-feira, 5, que revela a linha de investigação que vigora dentro da Delegacia de Homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro e a provável motivação de vingança contra o PSOL, partido de Marielle.

“As investigações passaram por diversas mudanças. Três anos é um tempo constrangedor para as autoridades brasileiras estarem sem respostas. O Brasil não pode ser o país de impunidade para esse tipo de crime. A gente espera constranger as autoridades pelos três anos de crime que nada foi resolvido. A gente conseguiu sistematizar esse dossiê sem respostas. É a indignação da família sem respostas”, disse Anielle Franco, que dirige o instituto dedicado a preservar a memória da irmã.

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Leia, abaixo, os 14 questionamentos:

1. Quem mandou matar Marielle?
2. Qual a motivação do mandante do crime?
3. Por que ainda não se avançou na investigação sobre a autoria intelectual do crime?
4. Qual é a ligação do responsável pela clonagem do carro com o crime e o grupo de milicianos ligado a Adriano Nóbrega e o Escritório do Crime?
5. Qual é a conclusão das investigações sobre o extravio das munições e armas da Polícia Federal usadas no crime?
6. Quem desligou, como e a mando de quem as câmeras de segurança do trajeto que Marielle e Anderson percorreram não estavam funcionando?
7. Por que não existe uma atuação coordenada das instâncias em níveis estadual e federal sobre a elucidação do caso de Marielle e Anderson?
8. Por que até agora a Google não entregou os dados solicitados pelo MPRJ e a Polícia Civil para a investigação?
9. Por que houve tantas trocas no comando da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro, responsável pela investigação do caso Marielle?
10. Houve tentativa de fraude nas investigações? Por quem?
11. Foi aberto um inquérito pela Polícia Federal para apurar as interferências na investigação do caso. Por que em meio a estas investigações, o superintendente regional da Polícia Federal do Rio de Janeiro foi trocado?
12. O presidente Jair Bolsonaro informou que Ronnie Lessa foi ouvido pela polícia federal sobre o caso do porteiro. Este interrogatório foi entregue ao Ministério Público e à Polícia Civil do Rio de Janeiro?
13. Por que o governo brasileiro não forneceu todas as informações demandadas pelo Alto Comissariado de Direitos Humanos das Nações Unidas?
14. Por que as recomendações da Comissão Externa realizada no âmbito do Congresso Nacional no ano de 2018 ainda não foram implementadas?

De acordo com a Anistia Internacional, o governador em exercício, Cláudio Castro (PSC), e o procurador-geral de Justiça do Ministério Público do Rio (MPRJ), Luciano Mattos, se recusaram a receber os familiares de Marielle e Anderson hoje. Procurado pela reportagem por meio de sua assessoria, o governador informou que há uma reunião virtual marcada com os familiares para a próxima sexta-feira, 19. A Anistia Internacional esteve no palácio hoje e foi informada da agenda.

Em nota, o MPRJ informou que vai “receber representantes do Instituto Marielle Franco e da Anistia Internacional para prestar informações sobre o andamento das investigações que buscam identificar os mandantes da morte da vereadora” e de seu motorista na próxima segunda-feira, 15.

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A Anistia coletou mais de 1 milhão de assinaturas ao longo dos últimos três anos pedindo a resolução do duplo homicídio, que serão entregues a Castro e Mattos.

“Três anos que a gente pergunta quem mandou matar Marielle Franco e por quê? A gente não pode aceitar que as autoridades brasileiras não deem uma resposta sobre o assassinato de Marielle. É inadmissível até agora não ter respostas consistentes. O Brasil é o país mais perigoso para quem luta por justiça. Nós temos, ao longo desses três anos, demandado as autoridades que sejam transparentes e as autoridades respondem que esse caso é complexo, mas por que é complexo? Será que três anos não é tempo suficiente para superar essa complexidade e apresentar as respostas?”, questionou Jurema Werneck.

O PM reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio de Queiroz estão presos em penitenciárias federais distintas. Eles são apontados pela polícia e pelo MPRJ como o atirador e o motorista do Chevrolet Cobalt clonado que emboscou o carro da vereadora. Eles vão a júri popular, ainda sem data marcada.

Em dezembro, VEJA revelou que dois milicianos do Escritório do Crime se filiaram ao PSOL em novembro de 2016. Laerte Silva de Lima era membro do segundo escalão da organização criminosa chefiada pelo ex-capitão da PM Adriano Magalhães da Nóbrega. Já sua mulher Erileide Barbosa da Rocha fazia a contabilidade da máfia e gerenciava carros clonados, conforme a reportagem de VEJA mostrou. A suspeita da polícia é que eles tenham se infiltrado para fins de monitoramento das agendas do partido, que já os expulsou das fileiras da legenda.

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Na manhã de hoje, o MPRJ divulgou nota dizendo que entrou em acordo com o Facebook sobre o compartilhamento de dados da investigação do caso Marielle. A promotoria disse que o repasse de dados pode auxiliar na descoberta dos mandantes e intermediários do crime.

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