Imagina na Copa: quadrilha rouba comida no Galeão
Polícia Civil desmonta esquema para desviar mercadorias do serviço de bordo no aeroporto que será uma das portas de entrada da Copa e da Olimpíada
Que os aeroportos brasileiros não estão entre os mais seguros do mundo, todos sabem. No momento, os terminais internacionais são a preocupação dos organizadores da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016. Uma operação realizada nesta segunda-feira pela Polícia Civil dá ideia de como ficou fácil para quadrilhas de mais diversos setores atuarem nas barbas das autoridades aeroportuárias. A Delegacia do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro (DAIRJ), unidade encarregada de cuidar dos delitos comuns na área do Galeão, apreendeu durante a madrugada grande quantidade de bebidas e alimentos que, segundo os agentes, foi desviada do serviço de abastecimento das aeronaves. O roubo se encaixa com perfeição no bordão que os cariocas passaram a usar para manifestar preocupação em relação aos projetos atrasados para a Copa e a Olimpíada: o “imagina na Copa”.
Ou seja: dentro do Galeão, uma área considerada crítica para o contrabando, o tráfico de drogas e de pessoas, uma quadrilha de ladrões de garrafas e quentinhas instalou-se confortavelmente. O valor do desvio não é dos maiores, cerca de 10 mil reais pelas estimativas da Polícia Civil. O espanto está em constatar a facilidade com que um crime sem qualquer sofisticação se desenrola no aeroporto, local monitorado por câmeras e dispositivos de segurança.
O delegado Luciano Coelho, titular da DAIRJ, informou que os alimentos eram sobras dos voos. A quadrilha desviava o material, segundo os policiais, com ajuda de funcionários das empresas que prestam serviço terceirizado de transporte de cargas e outros trabalhadores do setor que estão sendo identificados. Segundo o delegado, o crime começa ainda no transporte dos alimentos que vão abastecer as aeronaves durante os voos. O destino da carga seriam vendedores ambulantes.
Entre os produtos apreendidos estão centenas de garrafas de refrigerante, bebidas como champagne e os lanches do serviço de bordo. Em um comunicado divulgado pela Polícia Civil, o delegado Luciano Coelho explica a operação da quadrilha. “A ação criminosa inicia-se com a saída de um caminhão de transporte de uma empresa terceirizada que tem a função de levar produtos para os aviões. Devido a falhas de fiscalização e à não conferência do quantitativo das mercadorias, os caminhões retornam ou pelo menos deveriam retornar ao depósito, devolvendo os produtos que não foram embarcados”, disse.
O furto é concluído com o caminhão descarregando essas sobras para terceiros, e não dentro do depósito, dentro do próprio terminal do Galeão. A delegacia do aeroporto informou que está identificando todos os envolvidos no crime e sete pessoas estão sendo indiciadas, inicialmente, por furto, receptação e formação de quadrilha. Os produtos apreendidos serão devolvidos para as empresas lesadas.