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Ibama tinha informações de que poderia ser atacado no Amazonas

Bando com cerca de 500 pessoas ateou fogo no prédio do instituto em Humaitá

Por Fábio Pontes
28 out 2017, 19h49

O serviço de inteligência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), no Amazonas, já possuía a informação de que sua base no município de Humaitá (distante 660 km de Manaus) poderia ser alvo de ataques como represália à sua atuação na região sul do estado.

A ameaça se concretizou no fim da tarde dessa sexta-feira (27), quando um bando formado por ao menos 500 pessoas ateou fogo no prédio onde ficava o Ibama e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICmbio). O atentado foi uma retaliação à operação de combate ao garimpo ilegal no Rio Madeira, realizada desde a última terça (24) e que resultou na destruição de balsas e dragas.

O superintendente do Ibama no Amazonas, José Leland, classificou o ataque como um “ato terrorista” e um atentado ao Estado brasileiro. Além dos dois órgãos ambientais, o grupo ainda tinha como alvo a agência fluvial da Marinha, que deu apoio à operação de combate ao garimpo.

“Há indícios de que tudo isso foi planejado. Estamos agora trabalhando no rescaldo. O prejuízo foi muito grande. Eles desafiaram o Estado brasileiro. Os caras implantaram uma espécie de Estado Islâmico em Humaitá. Fizeram um verdadeiro ato de terrorismo”, afirma José Leland.

O prejuízo foi muito grande. Eles desafiaram o Estado brasileiro. Os caras implantaram uma espécie de Estado Islâmico em Humaitá. Fizeram um verdadeiro ato de terrorismo”

José Leland, superintendente do Ibama no Amazonas

Somente a destruição dos três veículos causou prejuízo superior a 300.000 reais. Os carros tinham sido entregues à unidade de Humaitá na semana passada. Com a queima do prédio, houve a perda de equipamentos e de todos os documentos com processos de crimes ambientais. Segundo Leland, o dano seria pior caso o instituto não tivesse seu sistema digital de processos.

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As investigações serão realizadas pela Polícia Federal e o próprio Ibama. O objetivo é identificar os líderes do bando que organizou o ataque. De acordo com José Leland, os atentados foram promovidos por milícias formadas por garimpeiros e madeireiros.

Os servidores do Ibama e do ICMBio buscaram refúgio no quartel do Exército. Neste sábado (28), eles foram resgatados de helicóptero com escolta armada do Ibama e levados para Porto Velho (RO). Outros dois funcionários que são da cidade continuam na base militar.

Os próprios militares também estavam na mira do bando. Eles tentaram atacar a Agência Fluvial da Marinha em Humaitá. Foi lá onde, primeiramente, buscaram ajuda os fiscais para não serem mortos. O prédio só não foi destruído porque estava protegido por homens da Força Nacional de Segurança.

Humaitá, Amazonas
Garimpeiros ateiam fogo na sede do Ibama em Humaitá, Amazonas (//Divulgação)

De acordo com o superintendente do Ibama, a atividade do garimpo acontecia de forma ilegal, sem as devidas autorizações. “Os garimpeiros não tinham licença, estavam todos ilegais numa área que estava embargada, garimpando de frente para a cidade, o que é proibido. Eles estavam desafiando as instituições ambientais”, diz.

José Leland afirma que os trabalhos do Ibama não serão interrompidos. Até a recuperação do prédio incendiado, o escritório funcionará de forma provisória no quartel do Exército como medida de segurança.

“Nós não podemos parar as nossas ações. O Estado brasileiro não vai se curvar diante de meia dúzia de bandidos.”

Na divisa com Rondônia, Humaitá é uma das fronteiras de expansão agrícola e faz parte do arco do desmatamento. A região sul do Amazonas é palco constante de conflitos por questões fundiárias, retirada de madeira e extração clandestina de ouro.

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