Cerca de 25.000 manifestantes protestam no centro de Atenas contra o plano de ajustes que será votado pelo Parlamento na noite deste domingo, de acordo com dados da polícia local.
A polícia está usando bombas de gás lacrimogêneo para conter os manifestantes, apurou um repórter da AFP.
Às 18H00 local (16H00 GMT; 14H00 de Brasília), a polícia contabilizava 25.000 pessoas no centro de Atenas, que foi fechado pelas autoridades.
Um grupo de manifestantes exerceu pressão para romper o cordão policial disposto em torno da Assembleia Nacional e a polícia reagiu de imediato lançando gás lacrimogêneo.
“Não é fácil viver nestas condições. De agora até 2020 seremos escravos dos alemães”, disse à AFP Andréas Maragoudakis, engenheiro de 49 anos.
Os manifestantes se dirigiram à Praça Sintagma pela tarde, convocados pelas duas grandes centrais sindicais do país, a GSEE para o setor privado, e Adedy, do público, assim como pela esquerda radical.
De acordo com os líderes, o objetivo é expressar sua rejeição à adoção prevista para a meia-noite local de um novo plano de ajuste, exigido pela UE e pelo FMI para manter a ajuda financeira ao país e assegurar sua permanência na zona do euro.
Em Salônica, segunda maior cidade do país, outras 15.000 pessoas saíram as ruas para protestar.
Segundo o ministro de Finanças grego, Evangelos Venizelos, a Grécia espera lançar “antes de 17 de fevereiro” a oferta pública a seus credores privados para a reestruturação de sua dívida, ou do contrário ficará exposta à quebra.
“Antes do domingo à noite, o parlamento deve ter adotado o novo programa de austeridade” ditado pela União Europeia (UE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para que o país possa receber o visto positivo do Eurogrupo na quarta-feira para o desbloqueio do segundo plano de resgate, afirmou o ministro no início do debate parlamentar sobre este plano de medidas.
“Caso isso não aconteça antes de 17 de fevereiro, não poderemos lançar oficialmente a operação de troca de títulos” para que haja o perdão de 100 bilhões da dívida grega. “E não poderemos solucionar o problema do reembolso das obrigações que serão finalizadas entre 14 e 20 de março”, em um montante total de 14,5 bilhões de euros, completou.
O descumprimento dos prazos e a consequente quebra do país geraria uma Grécia sem sistema bancário, afirmou Venizelos com a voz tensa antes de ser interrompido pelas vaias da oposição comunista, a qual o ministro acusou de levar o país à “catástrofe”.
O parlamento, onde o governo de coalizão socialista-conservador de Lucas Papademos dispõe de uma teórica maioria de 236 votos sobre 300, deve votar até às 22H00 GMT (20H00 de Brasília) um texto crucial sobre medidas de austeridade e regulamentações.