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Fraude em fundos de pensão teria contado com influência política

Investigadores da Operação Greenfield suspeitam que autoridades políticas tinham “clara ascendência” sobre fundações que sofreram um prejuízo bilionário

Por Thiago Bronzatto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Hugo Marques Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 set 2016, 22h23 - Publicado em 5 set 2016, 21h55
Policiais chegam à sede da Polícia Federal, em São Paulo, com material apreendido durante a Operação Greenfield
Policiais chegam à sede da Polícia Federal, em São Paulo, com material apreendido durante a Operação Greenfield – 05/09/2016 (N.M/FuturaPress/Folhapress)

A organização criminosa que gerou um rombo de mais de 8 bilhões de reais nos maiores fundos de pensão do Brasil contou com a participação de um núcleo político, segundo suspeitam os investigadores da Operação Greenfield. Em seu pedido de busca e apreensão, realizada nesta segunda-feira, o Ministério Público Federal relata que em oito dos dez casos de investimentos fraudulentos o “modus operandi encontrado é praticamente idêntico”. No esquema delineado por procuradores e policiais federais, o apoio de “autoridades políticas” era crucial, já que tinham “clara ascendência sobre os diretores dos fundos de pensão que são indicados pelas entidades patrocinadoras (Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Petrobras e Correios)”.

Segundo o MPF e a PF, a sangria dos fundos de pensão Funcef (dos funcionários da Caixa Econômica Federal), Petros (Petrobras), Postalis (Correios) e Previ (Banco do Brasil) ocorreu por meio dos fundos de investimento em participações (FIP), que injetaram recursos em negócios de alto risco. A engrenagem da fraude entrava em operação quando o “núcleo empresarial” buscava dinheiro no mercado para tirar os seus projetos do papel. Esse grupo do setor privado se reunia com o núcleo “dirigente de fundos de pensão”, formado por diretores das entidades, e também com o “núcleo político”, que tinham ingerência nas indicações dos cargos das estatais. Após esses encontros, o dinheiro era liberado por um valor superior ao do custo real do projeto. O suposto envolvimento de parlamentares nesse esquema não foi aprofundado nesta primeira fase da Operação Greenfield, que tem como foco investigados sem foro privilegiado.

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Alguns suspeitos, que foram conduzidos pela Polícia Federal para prestar esclarecimentos aos investigadores, têm ligações com o PMDB e PT. Nos últimos anos, os dois partidos lotearam as diretorias dos fundos de pensão com apaniguados políticos. Entre eles, está Humberto Pires Grault Vianna de Lima, “um dos principais personagens do esquema criminoso” que atuava na Petros e na Funcef, segundo o MPF. Até a deflagração da operação nesta manhã, Grault exercia a função de gerente de Participações da Funcef, sendo responsável pelo acompanhamento de todos os investimentos estruturados da fundação. A investigação revelou que Grault, indicado pelo PT, detinha o monopólio do processo decisório interno da Funcef, ignorando completamente quaisquer pareceres contrários das demais áreas do fundo. “Tal conduta contou com a conivência clara especialmente dos então diretores Carlos Caser e Carlos Augusto Borges”, diz a representação do MPF.

Outro investigado na Operação Greenfield é Alexej Predtechensky, ex-diretor-presidente do Postalis e membro do Comitê de investimentos do fundo. Conhecido como “Russo”, Alexej é apontado pela Polícia Federal como “um dos principais responsáveis pelos crimes cometidos contra o Postalis”. As operações fraudulentas que esvaziaram o fundo dos Correios causaram um rombo superior a 5 bilhões de reais, um prejuízo que pesou no bolso dos carteiros. Alexej, que mantinha uma boa relação com peemedebistas, teria sido indicado para comandar o Postalis pelo senador Edison Lobão (PMDB-MA).

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