Francisco em Aparecida: “Rezem por mim e até 2017, que vou voltar”

Em uma mensagem informal aos fiéis que assistiam à missa do lado de fora da Basílica Nacional, em Aparecida, o papa Francisco repetiu o discurso de quando foi proclamado pontífice e pediu: “Peço um favor, com jeitinho. Rezem por mim. Eu preciso”. Diante de milhares de católicos, ele prometeu retornar à cidade dentro de quatro anos. “Que Deus os abençoe e que Nossa Senhora os cuide. E até 2017, que vou voltar.” Em 2017 se celebram os 300 anos do aparecimento da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida no rio Paraíba do Sul, que deu origem ao santuário de Aparecida, em São Paulo.

Bastante descontraído, Francisco provocou risadas no público quando disse “eu não falo brasileiro. Vou falar em espanhol”. O papa levantou a imagem de Nossa Senhora que ganhou na chegada ao santuário e abençoou os fiéis. Francisco também agradeceu a presença do público, que aguentou a chuva e o frio para vê-lo. “Muito obrigado de todo coração por estarem aqui. Que Nossa Senhora Aparecida os abençoe e abençoe toda a pátria”, finalizou.

Mais cedo, durante a missa que celebrou no santuário, o papa direcionou sua mensagem para a juventude na homilia que fez após o evangelho. “Quanta alegria me dá vir à casa da mãe de cada brasileiro”, iniciou o papa seu sermão. “Hoje, eu quis vir aqui para suplicar a Maria, nossa mãe, o bom êxito da Jornada Mundial da Juventude e colocar aos seus pés a vida do povo latino-americano.”

A celebração em Aparecida é a primeira missa pública do papa desde que chegou ao Brasil, na segunda-feira, e também a primeira fora da Itália, desde que assumiu o pontificado.

Na mensagem, o pontífice afirmou que os jovens “hoje experimentam o fascínio de tantos ídolos que se colocam no lugar de Deus e parecem dar esperança: o dinheiro, o poder, o sucesso, o prazer.” Francisco destacou o papel importante da juventude “como construtores de um país e um mundo mais justo e fraterno”.

Leia a íntegra da homilia do papa Francisco em Aparecida

O papa, que é argentino, leu a mensagem em português e relembrou sua última visita à cidade, em 2007, quando participou da 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, quando ainda era o arcebispo de Buenos Aires. O papa contou que se impressionou com a fé dos peregrinos de Aparecida e como eles inspiram o trabalho dos bispos.

Otimismo – O pontífice citou “três simples posturas” que os fiéis devem ter em mente: conservar a esperança, deixar-se surpreender por Deus e viver em alegria. Ao falar sobre dessa última postura, Francisco disse que os cristãos não podem ser pessimistas.

“O cristão não pode ser pessimista! Não pode ter uma cara de quem parece num constante estado de luto. Se estivermos verdadeiramente enamorados de Cristo e sentirmos o quanto ele nos ama, o nosso coração se incendiará de tal alegria que contagiará quem estiver ao nosso lado”, disse. Francisco também citou seu antecessor, o papa Bento XVI: “Como dizia Bento XVI: ‘O discípulo sabe que, sem Cristo, não há esperança, não há amor, não há futuro'”.

Apesar do gigantismo da basílica e do tom solene que a cerimônia chegou a ter em alguns momentos, os objetos litúrgicos usados por Francisco eram simples, feitos de latão. Entre os convidados que assistiram à celebração estavam o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e representantes de outras denominações religiosas.

A missa durou quase duas horas e terminou perto das 12h30. O papa se dirigiu em cortejo para fora do santuário levando nas mãos a imagem de Nossa Senhora Aparecida, feita por artesãos brasileiros, que ganhou de presente do arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno. No caminho, ele abençoou cadeirantes que assistiram à missa, cumprimentou os fiéis e agradeceu à orquestra que tocou na celebração.

Chegada – Francisco chegou a Aparecida por volta de 10h20, em um helicóptero do Exército. O papa desfilou no papamóvel no percurso até a basílica, saudando os fiéis, que eram castigados pela chuva e pela temperatura de 8 graus. O trajeto durou cerca de 10 minutos. Ao chegar à basílica, Francisco fez uma oração diante da imagem da santa na Capela dos Apóstolos e deixou flores.

A missa foi assistida por 15 000 pessoas – 12 000 fiéis e 3 000 convidados.

Do santuário, Francisco segue de papamóvel para o Seminário Bom Jesus, onde abençoa a imagem de Frei Galvão. Depois, almoça com cardeais, bispos, padres, seminaristas e membros de sua comitiva. Após o almoço, ele descansa no seminário e às 16h30 retorna para o Rio de Janeiro, onde segue com a programação da JMJ nesta quinta-feira.

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