Famílias abandonam animais para fugir de incêndio em prédio de SP
No desespero, moradores do prédio que desabou após incêndio tentaram, mas não conseguiram resgatar seus bichos de estimação
Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 2 Maio 2018, 18h02 - Publicado em 2 Maio 2018, 11h30
1/33 Dom Odilo Scherer visita local onde prédio desabou no Largo do Paissandu, região central de São Paulo (SP) - 02/05/2018 (Nacho Doce/Reuters)
2/33 Escavadeira remove escombros de prédio do Largo do Paissandu, na região central de São Paulo (SP) - 02/05/2018 (Nacho Doce/Reuters)
3/33 Famílias sem-teto que moravam no edifício Wilton Paes de Almeida recebem alimento de voluntários, no Largo do Paissandu, região central de São Paulo (SP) - 02/05/2018 (Nacho Doce/Reuters)
4/33 Famílias sem-teto que moravam no edifício Wilton Paes de Almeida recebem alimento de voluntários, no Largo do Paissandu, região central de São Paulo (SP) - 02/05/2018 (Nacho Doce/Reuters)
5/33 Bombeiros combatem incêndio no Largo do Paissandu, região central de São Paulo (SP) - 02/05/2018 (Nacho Doce/Reuters)
6/33 Bombeiros trabalham no combate ao incêndio que atingiu o edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paissandu, região central de São Paulo (SP) - 02/05/2018 (Gustavo Basso/NurPhoto/Getty Images)
7/33 Escavadeira remove escombros após o edifício Wilton Paes de Almeida desabar no Largo do Paissandu, região central de São Paulo (SP) - 02/05/2018 (Nacho Doce/Reuters)
8/33 Bombeiros trabalham no combate ao incêndio que atingiu o edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paissandu, região central de São Paulo (SP) - 01/05/2018 (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)
9/33 Bombeiros trabalham no combate ao incêndio que atingiu o edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paissandu, região central de São Paulo (SP) - 01/05/2018 (Nelson Almeida/AFP)
10/33 Bombeiros trabalham no combate ao incêndio que atingiu o edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paissandu, região central de São Paulo (SP) - 01/05/2018 (Nacho Doce/Reuters)
11/33 Bombeiros trabalham no combate ao incêndio que atingiu o edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paissandu, região central de São Paulo (SP) - 01/05/2018 (Nacho Doce/Reuters)
12/33 Menina de uma família sem teto que morava no edifício Wilton Paes de Almeida toma café da manhã doado por voluntários no Largo do Painsandu, em São Paulo- 02/05/2018 (Nacho Doce/Reuters)
13/33 Bombeiros trabalham para extinguir possíveis focos de incêndio no local de desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, no centro de São Paulo - 02/05/2018 (Nacho Doce/Reuters)
14/33 Bombeiros trabalham entre os escombros de um prédio de 26 andares que veio ao chão após incêndio no centro de São Paulo - 01/05/2018 (Rovena Rosa/Agência Brasil)
15/33 Prédio de 26 andares desabou durante um incêndio de grandes proporções no Largo do Paissandu, no centro de São Paulo. A Igreja Evangélica Luterana, que fica ao lado do prédio em chamas, também pegou fogo e parte da estrutura desabou - 01/05/2018 (Paulo Lopes/Futura Press/Folhapress)
16/33 Prédio de 26 andares desabou durante um incêndio de grandes proporções no Largo do Paissandu, no centro de São Paulo. A Igreja Evangélica Luterana, que fica ao lado do prédio em chamas, também pegou fogo e parte da estrutura desabou - 01/05/2018 (Paulo Lopes/Futura Press/Folhapress)
17/33 Prédio de 26 andares desabou durante um incêndio de grandes proporções no Largo do Paissandu, no centro de São Paulo. A Igreja Evangélica Luterana, que fica ao lado do prédio em chamas, também pegou fogo e parte da estrutura desabou - 01/05/2018 (Felipe Rau/Protegido: Estadão Conteúdo)
18/33 Prédio de 26 andares desabou durante um incêndio de grandes proporções no Largo do Paissandu, no centro de São Paulo. A Igreja Evangélica Luterana, que fica ao lado do prédio em chamas, também pegou fogo e parte da estrutura desabou - 01/05/2018 (Nelson Almeida/AFP)
19/33 Bombeiros trabalham entre os escombros de um prédio de 26 andares que veio ao chão após incêndio no centro de São Paulo - 01/05/2018 (Leonardo Benassatto/Reuters)
20/33 Bombeiros trabalham entre os escombros de um prédio de 26 andares que veio ao chão após incêndio no centro de São Paulo - 01/05/2018 (Leonardo Benassatto/Reuters)
21/33 Prédio desaba durante incêndio no centro de São Paulo (@bombeirospmesp/Divulgação)
22/33 Bombeiros tentam extinguir um incêndio em um edifício no Largo do Paissandu, no centro de São Paulo - 01/05/2018 (Leonardo Benassatto/Reuters)
23/33 Prédio desaba após incêndio no Largo do Paissandu, próximo à Avenida Rio Branco, na República, no centro de São Paulo. O local já pertenceu à Polícia Federal, mas estava desativado e ocupado irregularmente - 01/05/2018 (Willian Moreira/Futura Press/Folhapress)
24/33 Prédio desaba após incêndio no Largo do Paissandu, próximo à Avenida Rio Branco, na República, no centro de São Paulo. O local já pertenceu à Polícia Federal, mas estava desativado e ocupado irregularmente - 01/05/2018 (Willian Moreira/Futura Press/Folhapress)
25/33 Bombeiros trabalham em meio aos escombros de um edifício no Largo do Paissandu, região central de São Paulo - 01/05/2018 (Leonardo Benassatto/Reuters)
26/33 Bombeiros trabalham em meio aos escombros de um edifício no Largo do Paissandu, região central de São Paulo - 01/05/2018 (Leonardo Benassatto/Reuters)
27/33 Bombeiro tenta confortar uma mulher durante incêndio em um edifício ocupado por moradores sem-teto no Largo do Paissandu, no centro de São Paulo - 01/05/2018 (Leonardo Benassatto/Reuters)
28/33 Bombeiros trabalham em meio aos escombros de um edifício no Largo do Paissandu, região central de São Paulo - 01/05/2018 (Leonardo Benassatto/Reuters)
29/33 Homem chora após ser resgatado de um edifício em chamas no Largo do Paissandu, no centro de São Paulo - 01/05/2018 (Leonardo Benassatto/Reuters)
30/33 Bombeiros trabalham em meio aos escombros de um edifício no Largo do Paissandu, região central de São Paulo - 01/05/2018 (Leonardo Benassatto/Reuters)
31/33 Bombeiros trabalham em meio aos escombros de um edifício no Largo do Paissandu, região central de São Paulo - 01/05/2018 (Leonardo Benassatto/Reuters)
32/33(Reprodução/Google/VEJA)
33/33 Prédio desaba durante incêndio no centro de São Paulo (@bombeirosPMESP/Divulgação)
Deitada em um colchão doado, a auxiliar de limpeza Marta da Cruz, de 54 anos, olhava para canto nenhum. “Não consegui pensar em nada”, ela diz, ainda atônita com o incêndio que a fez procurar abrigo sob uma árvore do Largo do Paissandu, aos fundos da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos.
Quando o fogo começou, Marta estava dormindo. Com ela, só conseguiu levar a roupa do corpo, uma bolsa (com documento e a chave do trabalho) e 12 prestações que ainda não pagou da geladeira que ficou sob os escombros. “Deixei celular, dinheiro, tudo.”
Uma gatinha, de 1 ano, chamada Menina, também ficou para trás. “Tentei pegá-la, mas ela corria”, diz Marta. Na hora, ouviu estalos nos vidros do quarto, pelo qual pagava 160 reais ao mês, e a gritaria da vizinhança. Correu tão atordoada que errou a direção da escada. Foi parar em um paredão de fogo. “No desespero, sai pelo lado errado do corredor.”
Uma das mais antigas na invasão, Marta estava no edifício há sete anos. Antes de chegar lá, foi despejada da casa de uma patroa e rodou por outros prédios ocupados da cidade. Mora em São Paulo desde os 10 anos, quando chegou com a mãe vindo da cidade de Andirá, no interior do Paraná. Um ataque cardíaco havia deixado órfã de pai dois anos antes. Aos 11, começou a trabalhar de babá. Nunca mais viu a mãe.
A poucos metros, sob a mesma árvore, Francisca da Silva, de 41 anos, comia um marmitex de carne assada e arroz. Com uma colher de plástico, servia um dos seus cinco filhos – um menino de 2 anos. “Até agora estou tentando entender o que aconteceu.”
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Francisca também estava dormindo e sentiu um safanão no braço. Era o marido, assustado com o incêndio. Às pressas, o casal, que morava no 3.º andar, carregou as crianças no colo e ainda conseguiu salvar a vira-lata Mel. Todos desceram pelas escadas. “Foi questão de, por Deus, a gente descer e o prédio desabar”, conta.
Vestida com uma calça de gari, que usava de pijama, a desempregada Jéssica Matos, de 20 anos, teve menos sorte: não conseguiu resgatar o seu cachorro, Spyke, e nem os oito gatinhos. “Acordei com a minha mãe gritando: ‘É fogo! É fogo!'”, diz. “Fui tentar salvar o cachorro, mas ele, com medo, correu para baixo da cama.”
O ambulante Wanderley Ribeiro Silva, de 27 anos, estava na Zona Norte no momento e soube do incêndio pela TV. “Pensei que tinha acontecido uma tragédia com a minha família”, diz. Na ocupação, dividia um quarto com outras 11 pessoas, incluindo a mulher e os dois filhos, de 4 e 2 anos.
Segundo a Prefeitura, 146 famílias (ou 372 pessoas), vítimas do incêndio, foram cadastradas ontem. Elas devem receber auxílio-aluguel de 1,2 mil reais neste primeiro mês. Nos 11 seguintes, a ajuda reduz para 400 reais. Aos desalojados, foi oferecido abrigo em 107 Centros de Acolhidas, mas a maioria não quis ir para os albergues.
– Google Earth/VEJA
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