A nota da Marinha, na qual afirmou que “o assunto [das joias para Michelle Bolsonaro] está sendo investigado fora do âmbito” da Força junto ao silêncio do Exército e do Ministério da Defesa até o momento, mostram a apreensão das Forças Armadas (FA) com o desgaste de sua imagem. Ao longo dos meses em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou reaver os presentes milionários destinados à sua esposa, ao menos sete membros das FA se envolveram em tentativas de retirada das joias, assim como nos esforços para fazê-las entrarem no país.
Bento Albuquerque, então ministro de Minas e Energia de Bolsonaro, foi quem soltou a largada, quando foi o responsável por receber as joias ainda em Riad, na Arábia Saudita. Como ele afirmou, os itens seriam entregues ao casal presidencial. Na mesma comitiva, estava Marcos André dos Santos Soeiro, tenente da Marinha que foi apreendido com as joias no aeroporto de Garulhos pela Receita Federal (RF), sem ter declarado os bens. Após o episódio da apreensão, o contra-almirante da Marinha José Roberto Bueno Junior assinou ofícios do ministério na tentativa de liberar os diamantes retidos.
Já na RF, o chefe do órgão, Julio Cesar Gomes, ex-policial da Marinha e próximo da família Bolsonaro, pressionou servidores por meio de mensagens em aplicativos, e-mails e telefonemas. Gomes assumiu o cargo cerca de um mês após a apreensão das joias.
As incursões não pararam. De dentro do Planalto, o então presidente Bolsonaro acionou o tenente-coronel do Exército Mauro Cid que, contando com a ajuda do segundo-tenente do Exército Cleiton Henrique Holzschuk, pediu que os diamantes fossem registrados no sistema federal como acervo privado. O tenente-coronel ainda solicitou que Jairo Moreira da Silva, primeiro-sargento da Marinha, tentasse retirar o presente saudita.