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Ex-secretário acusará Wilson Witzel em esquema de corrupção no Rio

Preso em Bangu 8, Lucas Tristão, homem-forte do governador afastado, falará ao Tribunal Misto de impeachment sobre requalificação da Unir Saúde

Por Cássio Bruno Atualizado em 11 dez 2020, 20h42 - Publicado em 11 dez 2020, 15h24

Lucas Tristão, ex-secretário estadual de Desenvolvimento Econômico do Rio de Janeiro, voltará à cena política fluminense em breve. Preso em Bangu 8 por suspeita de corrupção, ele vai depor, por videoconferência, na próxima quinta-feira, 17, no Tribunal Misto de Impeachment contra o governador afastado Wilson Witzel (PSC). O colegiado será o responsável pelo julgamento do processo envolvendo o ex-juiz federal e tem representantes do Tribunal de Justiça e da Assembleia Legislativa (Alerj). Segundo apurou VEJA, Tristão, pela primeira vez, pretende contar que Witzel, seu ex-chefe, negociou diretamente a revogação da proibição do Instituto Unir Saúde para que esta Organização Social (OS) pudesse celebrar contratos com o governo. O acordo, dirá Tristão, foi fechado entre o próprio Witzel e o advogado trabalhista Antônio Vanderler de Lima durante uma reunião em que ele teria participado no Palácio Laranjeiras. Witzel nega. 

Em julho, em um depoimento na Alerj, Antônio Vanderler negou ter relações com a Unir Saúde, investigada pelo Ministério Público Federal. O advogado é amigo de Wilson Witzel e foi o terceiro maior doador da campanha do então candidato ao governo do Rio, em 2018. Em sua delação premiada, o ex-secretário estadual de Saúde Edmar Santos afirmou que alguns dos supostos esquemas de Witzel teriam surgido no que ele chamou de “clube do charuto” – encontros semanais do governador afastado com amigos e aliados no Palácio das Laranjeiras. De acordo com Edmar, Vanderler era quem organizava as reuniões. No depoimento previsto no Tribunal Misto de impeachment, Lucas Tristão vai relatar que a negociação de Witzel com Antônio Vanderler ocorreu possivelmente entre os dias 10 e 20 de março. Em seguida, conforme Tristão, os dois pediram a Cássio Rodrigues, ex-chefe de gabinete da Casa Civil, para emitir parecer favorável à OS.

Em nota, Wilson Witzel disse: “Não tenho como responder sobre o conteúdo de depoimentos que ainda nem aconteceram e que ninguém pode saber de antemão o que será dito. Isso posto, afirmo que jamais negociei qualquer decisão, em qualquer época e com quem quer que seja”. Cássio Rodrigues, também por meio de nota, ressaltou que “homologou parecer jurídico desfavorável ao recurso administrativo interposto pela OS Unir”. Vanderler ainda não retornou o contato. VEJA, por enquanto, não conseguiu localizar um representante da Unir Saúde para comentar.

A requalificação da Unir Saúde é uma das principais acusações contra Wilson Witzel porque ele teria contrariado pareceres técnicos para permitir que a OS voltasse a fazer negócios com o Estado, segundo o MPF. Witzel deixou o cargo em 28 de agosto por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) após a Operação Tris In Idem, que apura desvios de dinheiro público da área da saúde em contratos emergenciais, principalmente na compra de material e de equipamentos para o combate ao novo coronavírus. No despacho, o ministro do STJ, Benedito Gonçalves, afirmou que procuradores descobriram uma “sofisticada organização criminosa, composta por pelo menos três grupos de poder, encabeçada pelo governador”.

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Witzel sempre negou as irregularidades. Ele, inclusive, já contestou as acusações do MP por escrito no Tribunal Misto para tentar escapar do afastamento definitivo. Atualmente, o colegiado está na fase das oitivas. Na mesma quinta-feira, 17, está previsto o depoimento da primeira-dama Helena Witzel. E, no dia seguinte, é a vez de Witzel. 

Ex-aluno de Direito de Witzel no Espírito Santo, Lucas Tristão é apontado pelas investigações como um dos operadores no suposto esquema. Ele está preso desde agosto. Em novembro, a Corte Especial do STJ decidiu manter a prisão preventiva do ex-secretário. Na mesma peça, os ministros mantiveram detidos o presidente nacional do Partido Social Cristão (PSC), Pastor Everaldo Pereira, outro alvo da Operação Tris In Idem, e o empresário Mário Peixoto, preso na Operação Favorito.

Tristão foi um dos coordenadores da campanha de Witzel e era o braço-direito dele no governo. O ex-secretário tinha status de primeiro-ministro, com participação direta nas principais decisões da gestão. Antes de ser preso, Tristão foi exonerado do cargo depois de forte pressão de deputados da Alerj, que o acusaram de espioná-los. Ele atuou ainda como advogado de Mário Peixoto. Para o Ministério Público, o empresário seria o verdadeiro dono da Unir Saúde, embora seu nome não esteja ligado oficialmente à OS. Os advogados de Peixoto negam qualquer relação. Em outubro, a defesa de Wilson Witzel questionou esta mesma versão do MP como não sendo verdadeira.

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