Ex-ministro José Dirceu, acredite, ainda se diz vítima de calúnia
Preso no Complexo Médico Penal de Pinhais, no Paraná, o ex-ministro quer condenar dois engenheiros que o acusaram de tráfico de influência
Em 2011, os engenheiros José Augusto Quintella Freire e Romênio Marcelino Machado, em entrevista a VEJA, afirmaram que Dirceu fazia tráfico de influência, recebendo dinheiro da Sigma Engenharia, que pertencia à Delta Engenharia, de Fernando Cavendish, para que o empresário conseguisse contratos na Petrobras. Dirceu, que já foi condenado a 23 anos por corrupção e tráfico de influência no escândalo do petrolão, quer punir dois empresários que o denunciaram.
Dirceu impetrou uma ação criminal contra os empresários depois que a reportagem foi publicada, mas em janeiro último a Justiça considerou que os dois não agiram com o propósito de macular a honra do ex-ministro. No último dia 24, o ex-ministro entrou com recurso no Tribunal de Justiça do Rio.
Para Dirceu, o fato de os dois empresários terem feito a denúncia em um veículo de comunicação é prova de que eles queriam ofender sua honra. “Caso a intenção dos apelados fosse apenas “denunciar” suposto crime de tráfico de influência, deveriam ter realizado tal narrativa no ambiente próprio, procurando as autoridades policiais ou judiciais, por exemplo, a fim de que os fatos fossem investigados (e não um jornalista)”, diz a petição redigida pelos advogados Rodrigo Dall’Acqua e Júlia Engel.
As investigações da Operação Lava-Jato descobriram que o ex-ministro faturou quase 40 milhões de reais, boa parte de empreiteiros envolvidos no petrolão e empresas que tinham negócios com o governo petista. E qual era o serviço prestado por Dirceu para amealhar tamanha fortuna? Tráfico de influência — exatamente o que os dois engenheiros denunciaram que ele fazia cinco anos atrás.