Com agência Reuters
O etanol brasileiro não contribuiu de forma significativa para a alta mundial nos preços dos alimentos. A afirmação foi feita nesta segunda-feira por Dan Mitchell, economista do Banco Mundial que assina o novo estudo sobre o impacto dos biocombustíveis no preço das commodities. Ao contrário dos Estados Unidos e da Europa, o Brasil aumentou a produção de etanol a partir da cana-de-açúcar e não influenciou, de maneira geral, os preços internacionais do açúcar.
O etanol brasileiro não influiu na alta dos alimentos porque a produção de cana aumentou rapidamente e as exportações de açúcar quase triplicaram desde 2000. Enquanto o preço do açúcar subiu apenas 48% de janeiro de 2005 a junho de 2008, o preço do trigo aumentou 127%, o do arroz subiu 170% e o da soja 192%, segundo o estudo. Mitchell destacou que o Brasil usa aproximadamente metade de sua cana-de-açúcar para produzir etanol para consumo doméstico e exportação e a outra metade para produzir açúcar.
O aumento na produção de cana permitiu que a produção de açúcar passasse de 17,1 milhões de toneladas em 2000 para 32,1 milhões em 2007 e que as exportações pulassem de 7,7 milhões de toneladas para 20,6 milhões de toneladas. Ao mesmo tempo, a participação do Brasil nas exportações globais de açúcar passou de 20% para 40% do total, “o que foi suficiente para que o açúcar tivesse pequenos aumentos, com exceção de 2005 e 2006, quando as colheitas do Brasil e da Tailândia foram afetadas por secas”.
Europa e EUA – Já o aumento na produção de biocombustíveis na Europa e nos EUA tem sido estimulado por subsídios e pela legislação. O economista citou a tarifa de 0,54 dólar imposta aos produtores de álcool que queiram exportar para os EUA e os subsídios aos produtores locais que fabricam etanol a partir do milho como fatores que impactaram os preços dos grãos.
O Congresso americano també determinou aumento na produção doméstica de biocombustíveis, o que exigirá dobrar a produção de etanol e triplicar a de biodiesel para atender à demanda interna. Ainda segundo o estudo, vários países da Europa têm dado subsídios para estimular a produção de biocombustíveis desde 2003, como é o caso da Alemanha.