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Esquerdistas voltam a interromper evento com Yoani

Blogueira cubana teve de abandonar bate-papo e sessão de autógrafos em uma livraria em São Paulo. "Eles gritam porque não têm argumentos", disse

Por Jean-Philip Struck
21 fev 2013, 23h04

Um grupo de manifestantes esquerdistas voltou a impedir de maneira agressiva na noite desta quinta-feira um evento com a presença da ativista cubana Yoani Sánchez. Desta vez, uma mesa redonda marcada no auditório de uma livraria paulistana foi cancelada meia hora depois de jovens vestidos com camisestas estampadas por símbolos comunistas passarem a interromper sistematicamente todas as perguntas feitas à blogueira. “Fascista, imperialista, mercenária”, gritavam.

As ofensas só foram interrompidas por gritos do restante do público, que pedia silêncio. Yoani se manifestou diretamente aos agressores. “Gritam quando não têm argumentos”, disse.

A manifestação foi liderada por membros da União da Juventude Socialista (UJS), um grupo ligado ao PC do B. Antes do evento, nos corredores de um centro comercial da avenida Paulista, os esquerdistas se depararam com o protesto de um grupo estudantes a favor da cubana. Com faixas e cartazes onde se podia ler “Trocamos Yoani por Zé Dirceu” e “Fidel usa Adidas”, eles ironizaram e bateram boca com os membros da UJS.

O evento previa que o público mandasse perguntas por meio de folhas previamente distribuídas. Depois de cinco minutos, o método teve de ser interrompido porque os militantes não deixavam nem que as perguntas fossem lidas.

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A mediadora do bate papo começou então a ler uma lista de perguntas que está circulando pela internet e são supostamente incômodas para blogueira, mas nem isso satisfez os manifestantes, que voltaram a interromper o evento. “Isso não é um comportamento civilizado”, disse a mediadora. André Tokarski, presidente da UJS, que estava presente no local e ficou visivelmente satisfeito quando Yoani abandonou o auditório (leia entrevista com ele aqui).

Pouco depois, a organização desistiu do evento e uma sessão de autógrafos do livro de Yoani, De Cuba – Com Carinho, foi montada. A cubana não chegou a autografar nenhum exemplar porque o grupo impedia a aproximação de quem havia comprado a publicação. “Isso é um absurdo. Eles falam em liberdade de expressão, mas não deixam a moça falar. Eles não têm a mínima ideia do que é uma ditadura. Em Cuba, eles teriam sido fuzilados por promover uma manifestação dessas”, disse o cubano naturalizado americano Rafael Alvarez, de 60 anos, que fugiu da ilha aos 12 anos e vive em São Paulo há duas décadas.

Eventos – Mais cedo, Yoani conseguiu finalmente se expressar pela primeira vez em quatro dias sem ser interrompida. Em um debate realizado pela manhã na sede do jornal O Estado de S. Paulo, em que criticou a mudez do governo brasileiro com relação à questão dos direitos humanos em Cuba. “Há muito silêncio”, disse a cubana. “Recomendaria uma posição mais enérgica.” Durante a tarde, ela gravou uma participação no programa Roda Viva, da TV Cultura. Durante a gravação Yoani disse que não acredita que o ditador Raúl Castro vai promover reformas profundas no governo autoritário do país. “Eu não acredito que o sistema cubano seja capaz ou queira a reforma. É um sistema baseado no imobilismo. É como uma casa velha que já resistiu à falta de manutenção, a dezenas de ciclones, mas na hora em que alguém vai fazer um pequeno reparo, ela desaba por completa. Se Raul Castro reformar, ele mata sua própria criatura”, disse. A blogueira também disse não esperar que a população se revolte à exemplo do que aconteceu durante a recente “Primavera Árabe”, quando ditaduras do Oriente Médio foram derrubadas por revoltas populares. Há uma frase em Cuba que diz que ‘um jovem prefere mostrar sua valentia enfrentando um tubarão a caminho da Flórida, do que enfrentando a repressão'”. Yoani também reclamou da campanha de difamação que vem sofrendo, dentro e fora de Cuba, que repetidamente a acusa de ser uma agente da CIA ou trabalhar para o imperialismo americano. “É uma estratégia para desviar a atenção. É uma estratégia fabricada. Chega a ser infantil. Quando comecei o blog, vários jornalistas me procuraram, e as pessoas chegavam e me diziam ‘ele é agente da CIA’. Eu ficava com medo e não falava. Mais tarde, quando o governo passou a me acusar da mesma coisa, eu vi que era tudo mentira, que eles eram inocentes como eu”, disse.

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