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Espera por cirurgia eletiva no SUS chega a 12 anos

Levantamento do Conselho Federal de Medicina mostra que Brasil tem 904.000 pessoas na fila pelo procedimento

Por Da redação
Atualizado em 5 dez 2017, 17h28 - Publicado em 4 dez 2017, 07h39

Pelo menos 904.000 pessoas esperam por uma cirurgia eletiva – não urgente – no Sistema Único de Saúde (SUS). Parte desses pacientes aguarda o procedimento há mais de dez anos. É o que mostra levantamento inédito feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) com dados das secretarias da Saúde dos estados e das capitais brasileiras obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação. A demora para realizar procedimentos, afirmam especialistas, pode agravar o quadro dos pacientes. As informações foram publicadas pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Segundo a entidade, o número de demandas represadas é provavelmente mais alto, já que somente dezesseis estados e dez capitais responderam. Há ainda a fila por procedimentos nos serviços de saúde federais.

O levantamento revela também que a quantidade de pessoas que aguardam cirurgia no sistema público é maior do que o medido pelo Ministério da Saúde. Em julho deste ano, a pasta divulgou a primeira lista única desse tipo de procedimento – antes disso, os números eram registrados só pelos estados e municípios e nunca haviam sido centralizados.

Na ocasião, a pasta informou que a fila era de 804.000 solicitações no país. Na última semana, novo balanço apresentado pelo ministério msotrou que, após avaliação feita pela ouvidoria, o número caiu para 667.000 pedidos, porque havia duplicidade de cadastros na primeira lista.

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“Tanto o número do ministério quanto o levantado pelo CFM são subestimados, porque parte dos estados não respondeu ou não possui os dados organizados. Há ainda aquelas pessoas que precisam da cirurgia, mas nem sequer têm acesso ao especialista que dá o encaminhamento”, destaca o presidente em exercício do CFM, Mauro Luiz de Britto Ribeiro.

O próprio ministro da Saúde, Ricardo Barros, admitiu haver falhas de informação nas listas passadas pelos governos locais à pasta. “Quando os estados começaram a fazer mutirões, constatamos que a maioria das pessoas que passaram pelas cirurgias não constava da lista inicial passada pelo estado. Isso demonstra que nossa fila não era exata”, diz ele, referindo-se aos mutirões realizados pelos estados com verba extra federal repassada após a criação da fila única, em julho.

Complicações

A demora na realização de cirurgias pode levar ao agravamento do quadro de saúde do paciente, piorando o prognóstico e aumentando os custos para o próprio sistema. Quem não faz a cirurgia eletiva, diz Britto Ribeiro, “vai acabar caindo um dia no sistema de urgência e emergência ou operado num quadro muito pior do que no início da doença.”

É o caso da comerciária Ana Célia Gonçalves, de 52 anos, que aguarda cirurgia renal desde 2012. Quando seu nome foi incluído na lista, ela tinha quadro leve de cálculo renal. Neste ano, descobriu que o rim direito perdeu totalmente a funcionalidade com o agravamento da doença. Agora, a cirurgia será de retirada completa do rim.

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“O exame deste ano mostrou que o órgão está com 13% da capacidade, o que, para os médicos, já é considerado perdido. O rim esquerdo também está em risco, tenho medo de perdê-lo também”, afirma. “Mas, quando reclamo, só ouço que tenho que ter paciência e aguardar na fila”, conta Ana Célia, que se trata no Hospital Universitário Walter Cantídio, em Fortaleza.

Ela diz sofrer de dores agudas e segue dieta restrita para o problema não piorar ainda mais. “Tenho medo de perder o outro rim e precisar, então, de diálise e entrar na fila de transplante.” Procurado pela reportagem, o hospital não se manifestou.

Longa espera

Ao menos 750 pedidos de cirurgias no país estão na fila há mais de dez anos. No Estado de São Paulo, há casos em que o paciente aguarda desde 2005, recorde entre os estados que responderam ao CFM. Na rede paulista, 143.000 esperam por cirurgia eletiva.

A secretaria paulista disse que a demanda reprimida por cirurgias eletivas é uma realidade nacional, causada sobretudo pela defasagem na tabela de valores de procedimentos hospitalares do ministério, “congelada há anos e que não cobre os reais valores dos atendimentos”. Disse também que o número anual de procedimentos feitos sob gestão do estado subiu 21% nos último sete anos, de 179.200 para 217.100. Segundo o órgão, também são feitos mutirões de cirurgias.

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Entre os procedimentos com o maior número de demandas represadas no Brasil estão as cirurgias de catarata (113.185), correção de hérnia (95.752), retirada da vesícula (90.275), varizes (77.854) e de amígdalas ou adenoide (37.776). Só esses cinco tipos concentram quase metade de todos os pedidos na fila.

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