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Escândalo na paróquia: ecônomo da Arquidiocese do Rio é preso no aeroporto e acusado de evasão de divisas

Monsenhor Abílio tentava embarcar para Portugal com 52 mil euros. Parte das cédulas estava escondida nas meias e na cueca do religioso

Por Leo Pinheiro, do Rio de Janeiro
8 set 2010, 16h08

Se monsenhor Abílio será perdoado por seus pecados, não se sabe. Pelo crime de evasão de divisas, ele vai responder em liberdade e pode pegar até seis anos de prisão

Encarregado da administração dos bens da Arquidiocese do Rio de Janeiro, o monsenhor Abílio Ferreira da Nova envolveu-se, na noite do último domingo, no maior escândalo da paróquia. O ecônomo da Cúria foi flagrado por agentes da Polícia Federal no momento em que embarcava para Portugal com 52 000 euros não declarados. As cédulas estavam divididas: 45 000 em uma de suas malas, camufladas entre enlatados, e outros 7 000 nas meias e cuecas do religioso.

A prisão do ecônomo já seria, isoladamente, desastrosa para a imagem da Igreja Católica no Rio. Mas o enredo da trama protagonizada por monsenhor Abílio torna-se ainda mais indigesto para a Cúria por ser ele o sucessor do padre Edvino Alexandre Steckel, afastado em 2009 depois que veio à tona uma lista de gastos que, entre móveis, itens de luxo e serviços caros, incluía a compra de um apartamento ‘funcional’ de 500 metros quadrados por 2,2 milhões de reais – em valores de dois anos atrás – para o então arcebispo, dom Eusébio Scheid.

Abílio, que havia sido afastado em 2008, foi reconduzido ao cargo e assumiu tendo, entre outras missões, a de moralizar as contas da Arquidiocese. Desde domingo, ele é a maior dor de cabeça que poderia ter o atual arcebispo, dom Orani Tempesta, que o devolveu o cargo.

Se monsenhor Abílio será perdoado por seus pecados, não se sabe. Pelo crime de evasão de divisas, ele vai responder em liberdade e pode pegar até seis anos de prisão. No domingo, depois de prestar depoimento na delegacia da PF e ser autuado pelo delegado Carlos Furtado, ele foi liberado.

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Em seu depoimento, o ecônomo apresentou justificativas diferentes para os dois volumes de dinheiro que transportava. Os 7 000 euros que levava junto ao corpo são, segundo informou à PF, resultado de uma operação de câmbio no banco Bradesco. Os 45 000 que levava na mala seriam economias pessoaois. “São economias de toda a minha vida. Fui comprando a moeda aos poucos. Por isso, não posso provar a origem”, declarou.

Monsenhor Abíliio argumentou que estava levando o dinheiro para parentes pobres no interior de Portugal. Pároco há 51 anos, o religioso de 77 anos tentava embarcar no voo 184, às 18h45 de domingo, em direção à cidade do Porto, pela TAP. Ele foi preso pouco antes das 18h, depois de fazer o check-in. Os policiais seguiram informações do Disque-Denúncia. O informante forneceu o número do voo e detalhes, indicando que tratava-se de um homem branco, alto e de cerca de 75 anos. A fonte só errou, por pouco, o valor exato que o padre caregava: disse que ele transportaria 50 000 euros, não 52 000.

A Arquidiocese, em nota, informou no início da noite desta quarta-feira que monsenhor Abílio “já havia apresentado sua renúncia ao cargo de ecônomo da Arquidiocese em maio do corrente ano, alegando motivos de saúde e idade avançada”.

O comunicado também traz uma declaração oficial do pároco. “Resolvi viajar de férias à minha cidade natal, em Portugal, onde tinha intenção de descansar, cuidar de minha saúde, visitar meus parentes e celebrar um casamento e um batizado. Levava comigo parte de minhas economias pessoais, adquiridas ao longo de anos, cuja procedência é declarada. Minha intenção era ajudar meus parentes pobres e a Paróquia onde fui batizado. Reconheço e lamento o erro de não ter informado, previamente, que estava de posse de minhas economias durante a viagem”.

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