“Era como estar dentro de um forno de pizza”’, diz bombeiro
Capitão dos Bombeiros Marcos Palumbo foi um dos 24 bombeiros feridos no combate ao fogo que atingiu o Memorial da América Latina, em São Paulo
Após se recuperar dos ferimentos causados pelo incêndio que atingiu o Memorial da América Latina, na última sexta-feira, o capitão do Corpo de Bombeiros Marcos Palumbo voltou à ativa para ajudar nas buscas pelo operário Edenilson de Jesus Santos, desaparecido desde o desmoronamento de um prédio de cinco andares, em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. A busca pelo operário já dura mais de 37 horas. Palumbo foi um dos 24 bombeiros que ficaram feridos no combate às chamas que destruiu o auditório Simon Bolívar – três bombeiros seguem internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital das Clínicas.
Responsável pela área de comunicação da corporação, Palumbo também integra a equipe operacional. Na última sexta, foi um dos doze homens que entraram no prédio para resgatar os brigadistas do Memorial que enfrentavam a fumaça espessa e as chamas que consumiram o auditório. “Era como se estivéssemos dentro de um forno de pizza”, relatou o capitão ao site de VEJA. Depois de retirá-los do local, o grupo em que estava o oficial seguiu para a Plateia B, local identificado como o foco primário do incêndio. Ao entrar no salão, porém, Palumbo e os outros bombeiros foram surpreendidos pelas labaredas de fogo. “Havia diversos gases combustíveis em suspensão quando tudo queimou e desceu de uma vez só contra a gente. Ficamos encurralados e não conseguimos achar uma saída.”
Em um momento de desespero, Palumbo diz que correu para a lateral do auditório e quebrou uma vidraça com um chute para abrir passagem. Escapou com escoriações por causa do vidro quebrado e com o rosto coberto de fuligem. “Parecia que tinha comido carvão e fumado o incêndio”, afirma. Depois, a equipe de bombeiros notou que dois homens haviam desmaiado no auditório. Retornaram para o resgate: “Foi nessa hora que a maioria dos bombeiros se intoxicou com a fumaça”, disse. Os dois bombeiros continuam respirando com a ajuda de aparelhos no HC, mas não correm risco de morte.
Nesta terça-feira, enquanto percorria os escombros em Guarulhos — e trabalhava como porta-voz dos Bombeiros com a imprensa –, o uniforme de Palumbo ainda exalava um forte cheiro de fumaça e o seu capacete estava sujo de cinzas. Ele afirma que antes de se juntar à equipe de buscas teve de fazer uma inalação no carro da corporação. “Quando tomo banho, ainda sinto o cheiro do incêndio.”
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Palumbo afirmou que os hidrantes e os sprinklers — chuveirinhos que são acionados com a elevação abrupta da temperatura — não estavam funcionando na hora do incêndio no Memorial. Os bombeiros usaram caminhões-pipa para conter o fogo numa operação que durou cerca de quinze horas.
O capitão também disse acreditar que o incêndio foi provocado por uma sobrecarga de energia na lâmpada de emergência da Plateia B do auditório. As chamas, avalia, teriam se alastrado rapidamente pelo forro e carpete. A Polícia Civil abriu inquérito para apurar as causas de incêndio e deve convocar nesta semana funcionários do Memorial e bombeiros para prestar depoimentos.