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Entidade lamenta morte de reitor de SC e critica ‘estado policial’

Em nota, Andifes, que reúne dirigentes federais de ensino superior, liga o suicídio de Luis Carlos Cancellier Olivo à ‘atuação desmedida do aparato estatal’

Por Da Redação
Atualizado em 2 out 2017, 17h01 - Publicado em 2 out 2017, 17h00

A Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) divulgou nota na qual lamenta o suicídio do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luis Carlos Cancellier Olivo, de 60 anos, nesta segunda-feira e critica, como fatores que teriam levado à morte do docente, a “atuação desmedida do aparato estatal”, as “práticas de um estado policial” e a destruição da honra das pessoas “em nome de um moralismo espetacular”.

Olivo, que estava no cargo desde maio de 2016, foi preso pela Polícia Federal com outros professores e funcionários da UFSC no dia 14 de setembro – e solto um dia depois -, dentro da Operação Ouvidos Moucos, que apura um esquema de corrupção que teria desviado bolsas e verbas no valor total de 80 milhões de reais nos recursos para cursos de educação a distância (EaD) do Programa Universidade Aberta (UAB). O reitor nega qualquer irregularidade.

Ele foi encontrado morto na manhã desta segunda-feira após, segundo a polícia, ter se atirado do vão central do Beiramar Shopping, um dos principais de Florianópolis. Quatro dias antes, ele havia publicado um artigo no jornal O Globo no qual dizia que “a humilhação e o vexame a que fomos submetidos — eu e outros colegas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) — há uma semana não tem precedentes na história da instituição”.

“No mesmo período em que fomos presos, levados ao complexo penitenciário, despidos de nossas vestes e encarcerados, paradoxalmente a universidade que comando desde maio de 2016 foi reconhecida como a sexta melhor instituição federal de ensino superior brasileira; avaliada com vários cursos de excelência em pós-graduação pela Capes e homenageada pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Nos últimos dias tivemos nossas vidas devassadas e nossa honra associada a uma ‘quadrilha’, acusada de desviar R$ 80 milhões. E impedidos, mesmo após libertados, de entrar na universidade”, escreveu.

Na nota, a Andifes afirma que “é inaceitável que pessoas investidas de responsabilidades públicas de enorme repercussão social tenham a sua honra destroçada em razão da atuação desmedida do aparato estatal”. E completa: “É inadmissível que o país continue tolerando práticas de um estado policial, em que os direitos mais fundamentais dos cidadãos são postos de lado em nome de um moralismo espetacular”.

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Os reitores também expressam na carta “absoluta indignação e inconformismo “com o modo como ele foi tratado por autoridades públicas ante um processo que ainda estava em andamento. O reitor teve ordem de prisão temporária e afastamento decretada no dia 25 de agosto pela 1° Vara Federal de Florianópolis e desde então não poderia mais frequentar o campus da universidade.

Veja a íntegra da nota da Andifes:

A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), profundamente consternada, comunica o trágico falecimento do Prof. Dr. Luiz Carlos Cancellier, reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, ocorrido na manhã desta segunda-feira.

O sentimento de pesar compartilhado por todos os reitores das universidades públicas federais, neste momento, é acompanhado de absoluta indignação e inconformismo com o modo como o reitor Cancellier foi tratado por autoridades públicas ante a um processo de apuração de atos administrativos, ainda em andamento e sem juízo formado.

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É inaceitável que pessoas investidas de responsabilidades públicas de enorme repercussão social tenham a sua honra destroçada em razão da atuação desmedida do aparato estatal.

É inadmissível que o país continue tolerando práticas de um estado policial, em que os direitos mais fundamentais dos cidadãos são postos de lado em nome de um moralismo espetacular.

É igualmente intolerável a campanha que os adversários das universidades públicas brasileiras hoje travam, desqualificando suas realizações e seus gestores, como justificativa para suprimir o direito dos cidadãos à educação pública e gratuita.

Infelizmente, todos esses fatos se juntam na tragédia que hoje temos que enfrentar com a perda de um dirigente que, por muitos anos, serviu à causa pública. A Andifes manifesta a sua solidariedade aos familiares, à comunidade universitária da UFSC e aos amigos do reitor Cancellier. Continuaremos lutando pelo respeito devido às universidades públicas federais, patrimônio de toda a sociedade brasileira. 

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