Encontro do PT tem PSD e privatizações em pauta
Lideranças do partido se reúnem em Brasília, no 32º aniversário da legenda. Presidente do partido rebateu críticas do PSDB sobre hipocrisia petista
O incômodo do PT com o tema das privatizações ficou claro nesta sexta-feira, no Encontro Nacional realizado pelo partido em Brasília. Rui Falcão, presidente da legenda, usou o seu discurso para defender o partido das acusações de estelionato eleitoral: depois de usar o tema das privatizações como uma arma eleitoral contra o PSDB, o PT resolveu entregar à iniciativa privada os três maiores aeroportos do país.
Rui Falcão tentou diferenciar a gestão petista da tucana. “O PT nunca foi contra a concessão de serviços públicos. Quando nós falávamos dos pedágios, não éramos contra a concessão de rodovias, e sim contra a forma como se entregavam as rodovias com baixa outorga e tarifas excruciantes para o usuário”, disse o líder petista. As críticas feitas pelo PSDB parecem ter ferido o orgulho do partido: “Querem nos impingir o rótulo de privatistas. Logo ele que venderam o país na bacia das almas e só não venderam a Petrobras porque não houve tempo.”
Alianças – Parte do pronunciamento do presidente do partido foi usada para tratar de alianças nas eleições municipais deste ano. Sem citar o PSD do prefeito paulistano Gilberto Kassab, Falcão defendeu a aplicação de critérios na escolha dos aliados. Ele disse que é preciso ceder à “tentação do acordo fácil” que “desfigura” o partido: “Todas as alianças têm um fio condutor que é a nitidez, para a população, do nosso rumo estratégico de construir uma sociedade diferente no Brasil”.
À imprensa, Falcão disse apenas que a decisão sobre o acordo caberá aos filiados do PT paulistano: “No dia 2 de junho haverá um encontro municipal onde essa questão, se estiver na pauta, será examinada. Se houver essa proposta de aliança com o PSD e os delegados apoiarem, a militância fará a campanha”, afirmou.
Além de marcar o aniversário de 32 anos do PT, o encontro desta sexta-feira reúne principalmente deputados estaduais e prefeitos do partido, com o objetivo de unificar o discurso para as eleições municipais. Os prefeitos divulgaram um documento chamado de “Carta de Brasília”. O texto estabelece como meta uma adesão maior dos municípios aos programas desenvolvidos pelo governo federal, como o Minha Casa, Minha Vida. Outro trecho trata das parcerias partidárias: “Nossas alianças buscarão consolidar o bloco politico que apoia o governo federal e nossa força local”.
Ideli – A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, discursou durante o encontro e pregou a retomada de grandes prefeituras: “O ano de 2012 é um ano de fortalecimento do PT. Que a gente tenha capacidade política de manter as prefeituras onde a gente governa e de reconquistar prefeituras importantes que nós governamos, mas infelizmente nós deixamos e governar”, disse.
Desde 1982, quando disputou as primeiras eleições, o PT tem tido resultados crescentes nos pleitos municipais. Hoje, o partido tem cerca de 550 prefeituras.
Quem também apareceu no evento foi o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. Com a popularidade em baixa e em uma situação cada vez mais delicada devido às constantes denúncias de irregularidades em sua gestão, ele lançou mão da estratégia petista de culpar os antecessores: “Nós enfrentamos uma grande batalha para colocar em prática o programa do PT e o modo do PT de governar numa cidade que estava governada pela direita há muitos anos”, afirmou.
A presidente Dilma Rousseff deve comparecer ao encerramento do encontro nacional, na noite desta sexta-feira.