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Empresa de preso da Lava Jato tem contratos com governo Witzel

Carlson Ruy Ferreira é um dos donos da Singular Gestão, que fornece merenda às escolas estaduais; valores chegam a R$ 70 milhões

Por Cássio Bruno Atualizado em 6 mar 2020, 19h39 - Publicado em 6 mar 2020, 15h53

A empresa de Carlson Ruy Ferreira, um dos presos na última quinta-feira na Operação Titereiro, desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro, possui contratos milionários com o governo Wilson Witzel. A Singular Gestão de Serviços Ltda., que tem Carlson como um dos sócios, foi contemplada pela Secretaria Estadual de Educação com pelo menos 70 milhões de reais entre 2019 e este ano para preparar e distribuir refeições aos alunos das escolas estaduais. Ao todo até agora, foram fechados seis acordos, segundo VEJA apurou no Sistema Integrado de Gestão de Aquisições do Palácio Guanabara.

O que chama a atenção é que a Singular Gestão tem o mesmo CNPJ da Denjud Refeições Coletivas, Administração e Serviços Ltda. Ambas ficam na Avenida Pernambucanas 1.260, em Vila Rosali, São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Segundo o Ministério Público Federal, Carlson Ruy Ferreira é sócio na Denjud de Astério Pereira dos Santos, ex-secretário Nacional de Justiça do ex-presidente Michel Temer. Astério, que também foi preso, comandou a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) na gestão Rosinha Garotinho.

De acordo com as investigações da força-tarefa, Carlson e Astério utilizavam-se de familiares para dissimular e ocultar recursos provenientes do esquema ilegal. Vinícius da Silva Ferreira, filho de Carlson, e Danilo Botelho dos Santos, filho de Astério, foram e são sócios ainda em outras empresas, apontaram os procuradores. Vinícius e Danilo também estão presos. Um posto de gasolina, que pertencem aos dois, recebeu transferências quase mensais da Denjud, entre 2005 e 2012, de 2,7 milhões de reais. No local, a polícia encontrou 100 mil reais em dinheiro vivo.

O site da VEJA revelou nesta sexta-feira, 6, que outro preso na mesma operação, Thiago de Bustamante Fontoura, aparece lotado na Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) no cargo de Ajudante l. Ele foi exonerado um dia depois da ação. A publicação saiu no Diário Oficial. Thiago trabalhava no gabinete do atual secretário da Seap, Alexandre Azevedo de Jesus. Segundo a Polícia Federal, o esquema beneficiaria integrantes do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ). O grupo, diz a PF, faz parte da organização criminosa comandada pelo ex-governador Sérgio Cabral, condenado e preso na Lava-Jato.

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Além dos mandados de prisão, a operação cumpriu mandados de busca e apreensão determinados pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal Federal do Rio. A ação é um desdobramento das operações Calicute, Eficiência, Descontrole e Quinto do Ouro, todas relacionadas à Lava-Jato. Ao todo, quinze pessoas estão denunciadas na Titereiro.

Procurado, o secretário estadual de Educação, Pedro Fernandes, afirmou, em nota, que os contratos referentes à Singular Gestão de Serviços Ltda. “foram licitados na gestão anterior”. Diz ainda que a empresa possui apenas dois contratos, por meio de renovação, no valor total de R$ 31,9 milhões. “Outro fato relevante é que a atual gestão da Seeduc (Secretaria Estadual de Educação), inclusive, glosou, em 2019, cerca de R$ 693 mil nos contratos da Singular”, contesta a nota.

A VEJA, no entanto, teve acesso aos contratos da Singular Gestão de Serviços Ltda. no Sistema Integrado de Gestão de Aquisições do governo do Rio, que é público. Nele, como citado na reportagem, aparecem seis contratos. Três deles, firmados em 4 de janeiro de 2019, com os seguintes valores: 12.677.508,80 reais, 8.849.702,40 reais e 12.799.364,60 reais via pregão eletrônico. Outros três foram em 4 de fevereiro de 2020 de 13.214.759,80 reais, 9.455.485,60 reais e de 13.306.145,60 reais em aditivos. No objeto de contratação, a justificativa é: “contratação de empresa para prestação de serviço de preparo e distribuição de refeição em ambiente escolar, operacionalização e desenvolvimento de todas as atividades para refeição dos alunos”.

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