Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Em meio ao caos, pacientes graves são atendidos no chão em Manaus

VEJA teve acesso a vídeos e fotos que mostram pessoas recebendo atendimento de forma precária; médica descreve cenário ‘grotesco’ em unidade de saúde

Por Tatiana Farah 15 jan 2021, 17h59

Em meio ao colapso de saúde do Amazonas, os pacientes de Covid-19 foram atendidos no chão pela equipe médica de um dos principais hospitais de Manaus, o PS 28 de Agosto. Faltavam oxigênio e macas ou mesmo cadeiras para colocar as pessoas, relatou uma das médicas da linha de frente do atendimento à pandemia no estado, a infectologista Ana Galdina Mendes, de 41 anos.

Ana disse a VEJA que, em outros hospitais, como o Pronto-Socorro João Lúcio, onde ela estava de plantão na quinta-feira, o oxigênio teve de ser racionado para que não se instalasse o caos como no 28 de Agosto. “A gente optou por não ofertar o que o paciente precisa, mas para dar algo que garantisse a vida”, diz. Segundo ela, o procedimento pode ser feito por cerca de 48 horas sem causar sofrimento ao doente.

VEJA teve acesso a imagens fortes de cenas que ocorreram no PS 28 de Agosto – pessoas em estado grave sendo atendidas no chão, na mais absoluta precariedade. De acordo com a infectologista, na quinta-feira, 28 pessoas morreram naquele pronto-socorro. O número, não confirmado pela Secretaria de Saúde do Estado, também foi divulgado pelo ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto (PSDB), que atribuiu as mortes à falta de oxigênio.

“Nessa crise com oxigênio, pacientes com outras patologias também estão morrendo”, destacou ela. “Não tinha mais local, não tinha mais cadeira, não tinha mais maca. A estrutura do 28 de Agosto comporta 30 pacientes só para Covid. Mas tinha mais de cem pessoas”, afirma a médica.

Continua após a publicidade

Ana, que é coordenadora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Centro de Hematologia, afirmou que viveu o pior dia de sua vida e de sua carreira nesta quinta-feira. “Eu cheguei em casa e chorei, chorei e chorei. Foi grotesco. Nem no inferno de Dante se pensaria em escrever o roteiro do que estamos passando aqui. É muito doloroso você ver uma pessoa pedindo socorro, o olhar de pânico das pessoas”, relata.

O Ministério Público Federal (MPF) e as Defensorias Públicas do Estado e da União ingressaram com uma ação pedindo que a União se comprometa a solucionar o problema em conjunto com o governo estadual. Segundo o procurador da República José Gladston Viana, foi pedida tutela de urgência dada a gravidade do caso. A juíza Jaiza Fraxe, da 1ª Vara Federal de Manaus, determinou que estado e governo federal apresentassem informações até o final desta sexta-feira, 15, além de realizar a transferência de pacientes para outros estados.

De acordo com Gladston Viana, há relatos de falta de oxigênio em diversas localidades do Amazonas e não só em Manaus. No entanto, ainda não há estimativa de quantas pessoas morreram no estado por falta do suprimento. As mortes, segundo ele, serão apuradas pelo MPF e pelo Ministério Público Estadual, respeitadas as esferas de atuação de cada um. “A gente tem de considerar que já havia uma demanda muito grande anterior à crise da falta de oxigênio, uma demanda maior que a capacidade para atender os pacientes”, afirma.

Continua após a publicidade

A crise pré-falta de oxigênio havia levado o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), a decretar um lockdown, que foi revogado depois de pressão de parte da sociedade, apoiada por lideranças bolsonaristas como os próprios filhos do presidente Jair Bolsonaro.

Um dos itens reivindicados pelo MPF junto à Justiça Federal é que a União “reconheça a relevância” das medidas de isolamento social e use a Força Nacional para apoiar o controle dessas medidas no Amazonas.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.