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Em meio à crise, portugueses tentam ganhar a vida no Brasil e em Angola

Por Por Lévi FERNANDES
21 nov 2011, 17h47

Rita escolheu o Brasil, mas seu pai Homero gosta mais de Angola: a família Costa resume os destinos preferidos de vários portugueses que deixam seu país fugindo de uma grave crise financeira.

“Em Portugal, os próximos anos serão muito duros. Não consigo encontrar um trabalho com um salário que permita que eu me sustente”, afirma a jovem que não teve outra escolha a não ser viver na casa de seus pais em Lisboa.

“Estou cheia de amigos na mesma situação, que já saíram ou que estão prestes a sair. Eles até me pedem para distribuir seus currículos quando eu chegar ao Brasil”, disse ela.

Como Rita, cada vez mais pessoas deixam o país. Oficialmente, seu número chegou a cerca de 30.000 em 2010, mas, de acordo com Rui Pena, coordenador científico do Observatório de Emigração, este número pode ser superior a 70.000 para uma população economicamente ativa de pouco mais de 5 milhões de pessoas.

Atualmente recebendo ajuda financeira internacional, Portugal segue os planos de austeridade desde 2010 e as perspectivas são desanimadoras: em 2012 a economia deve se contrair em 2,8% do PIB, e o desemprego atinge o nível recorde de 13,4%, afetando mais os jovens.

Neste contexto, a emigração surge para muitos como uma escolha evidente, sobretudo, em um país onde este fenômeno está estreitamente ligado a sua história.

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Depois de França, Bélgica e Luxemburgo nos anos 60 e 70, as ex-colônias portuguesas, com Angola e Brasil à frente, estão entre os destinos preferidos dos portugueses, não apenas em razão de afinidades culturais entre países lusófonos, mas também por sua vitalidade econômica.

“Estes países oferecem hoje oportunidades que não se encontra mais em Portugal: melhores condições de trabalho, salários muito superiores”, multiplicados às vezes por três ou quatro, explica à AFP Herminio Santos, autor de um guia para aqueles que desejam viver em Angola.

“Em Angola, os setores que recrutam são muitos. Eles vão da hotelaria ao mercado financeiro, passando pelo de tecnologia da informação e de gestão. O ‘know-how’ português é muito apreciado”, ressalta.

A economia angolana em plena expansão, principalmente graças ao petróleo, deve registrar no próximo ano um crescimento de 12% depois de vários anos de uma guerra civil que chegou ao fim em 2002.

A grande maioria dos portugueses que partem para Angola já tem contrato de trabalho, o que facilita a obtenção do visto. Já para o Brasil, eles não precisam de visto para viagens turísticas e podem buscar trabalho com mais facilidade.

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“Sobre o visto de trabalho, eu me informarei quando chegar ao Brasil”, afirma Rita, decidida a viver no país para se beneficiar do boom econômico de um país que sediará a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.

Seu pai, Homero Costa, foi o primeiro a encorajá-la. “Eu a apoio totalmente!”, disse este homem de 61 anos, empresário do setor imobiliário, que pretende fechar sua empresa de 80 funcionários para emigrar também.

“Talvez para Angola, que eu já conheço”, afirma antes de ressaltar que em Portugal “não haverá mais muitos investimentos, nem grandes obras públicas nos próximos anos!”

De acordo com dados recentes do Observatório de Emigração, em 2009 mais de 23.700 pessoas emigraram para Angola, onde já vivem cerca de 100.000 portugueses. No Brasil, eles são estimados em por volta de 213.000.

O Brasil atrai uma mão de obra essencialmente qualificada, assim como muitos jovens em busca de um primeiro emprego. Os arquitetos e os engenheiros estão entre os mais solicitados.

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