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“Ele sofre pela morte dela”, diz advogada

Na tentativa de diminuir a pena, Ana Lúcia Assad sustentou a tese de que o réu não tinha intenção de matar. Ela pediu a condenação por homicídio culposo

Por Carolina Freitas e Cida Alves, de Santo André
16 fev 2012, 12h10

Nove minutos depois de ter iniciado sua fala, Ana Lúcia Assad, advogada de Lindemberg Alves, acusado de matar Eloá Pimentel em 2008, fez um apelo aos jurados. “Enxerguem esse rapaz como um parente dos senhores, pois ele não é bandido”. Em menos de quarenta minutos, pediu: “Peço que os senhores condenem o Lindemberg pelo homicídio culposo, pois ele não desejou o resultado. Ele sofre pela morte dela”.

Ao falar sobre o disparo contra Nayara Rodrigues da Silva, que levou um tiro no rosto, a advogada afirmou que seu cliente agiu com culpa consciente, mas não previu o resultado. “Ele não tentou matar a Nayara. Ele se assustou e atirou. Condenem-no pela lesão corporal culposa”. Segundo Ana Lúcia, Nayara voltou ao apartamento porque quis. “Não podemos dar essa conta toda para o Lindemberg pagar. Isso não é justiça”, afirmou.

Logo no começo de sua exposição, a advogada avisou que não pediria a absolvição do réu. “Ele errou, tomou as decisões erradas e deve pagar por isso, mas na medida do que ele efetivamente fez”. Ana Lúcia, que pretende sustentar a tese de que seu cliente foi induzido por fatores externos a tomar uma atitude extrema, não demorou a insinuar a responsabilidade da polícia e da imprensa no episódio. “No meu ponto de vista, há dois corresponsáveis por este processo. Alguns membros da imprensa e alguns policiais”, disse.

Acusação – Observada atentamente por Lindemberg, a promotora Daniela Hashimoto foi a primeira a falar no Fórum de Santo André, no ABC Paulista, no quarto dia de julgamento. Logo depois de distribuir cópias dos autos do processo aos jurados, a promotora deixou claro aos presentes a tese que procura comprovar: o réu já sabia o que iria fazer quando chegou ao apartamento da ex-namorada no dia 13 de outubro de 2008. “Coloquem-se no papel das vítimas”, disse Daniela Hashimoto aos jurados.

Segundo a promotora, uma mensagem recebida no celular de Eloá foi o motivo do primeiro disparo efetuado por Lindemberg, quando, logo no primeiro dia de cativeiro, ele atirou em direção à multidão que começava a se aglomerar do lado de fora do prédio.

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Embora Lindemberg tenha admitido que atirou em Eloá, ele afirmou no interrogatório desta quarta-feira que não se lembrava de ter disparado contra Nayara. Daniela, entretanto, foi categórica: “A perícia comprovou que a Nayara foi atingida por um projétil de calibre 32”, disse. “Só Lindemberg tinha essa arma no dia dos fatos”.

Na argumentação, ela também destacou características de manipulação, dissimulação e exibicionismo do réu e também seu comportamento obsessivo com relação à vitima. “Eloá para ele não era mais do que um objeto. Ele tinha ódio dela”, disse a promotora.

Daniela enfatizou que Lindemberg começou a perseguir Eloá depois do término do namoro e que, diferente do que ele afirmou em depoimento, três testemunhas confirmaram que o relacionamento havia acabado. Ela também questionou o fato de que Nayara, Victor Lopes de Campos e Iago Vilela de Oliveira, também feitos reféns por Lindemberg, poderiam ter deixado o apartamento.

“O contexto de ameaça em torno de Eloá já é um fator impeditivo”, observou a promotora. “A coação psicológica que as três vítimas descreveram serviu para mantê-las no apartamento. Eles não iriam deixar a amiga com Lindemberg sabendo o que ele poderia fazer”.

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A promotora exibiu um vídeo no qual o perito Ricardo Molina faz uma análise não oficial das imagens do momento em que a polícia invadiu o apartamento. Na gravação, Molina mostra que depois da explosão houve um tempo de 3,5 segundo até o primeiro disparo. Nesse período, segundo a promotora, Lindemberg, se recolheu num canto da sala, efetuou os três disparos contra Eloá e Nayara e um quarto em direção aos policiais – tiro que teria falhado.

“Um cidadão de bem iria blefar para o GATE?”, perguntou Daniela, referindo-se ao Grupo de Ações Táticas Especiais da polícia. Segundo a promotora, no momento da invasão, Eloá teria feito um movimento de encolher-se no sofá e não de se levantar, como afirmou o réu em depoimento. Uma prova seria o vestígio de massa encefálica encontrado no local onde estava a vítima. A reconstituição dos disparos, feita por Daniela de arma em punho, fez com que Ana Cristina, mãe de Eloá, chorasse.

Ana Cristina e um irmão da vítima estão na plateia. Ela está vestida de branco e não de preto, como nos dias anteriores.

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