Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Dormindo com o inimigo: avó indagou mãe de Henry sobre “tio” Jairinho

Já ciente da sessão de tortura a que seu neto foi submetido, Rosângela Medeiros perguntou à filha, Monique, se o padrasto "tolera e aceita" a criança

Por Marina Lang, Sofia Cerqueira
Atualizado em 15 abr 2021, 21h51 - Publicado em 14 abr 2021, 14h31

Os últimos dias de vida do menino Henry Borel, de apenas 4 anos, estão sendo reconstituídos pela Polícia Civil do Rio de Janeiro a partir de mensagens recuperadas do celular da mãe da criança. A professora Monique Medeiros, de 33 anos, que foi presa no último dia 8 de abril junto ao namorado, o vereador e médico Jairo Souza Santos Junior, o Dr. Jairinho, de 43, falou com a avó do menino, Rosângela Medeiros, de 62, na noite de 23 de fevereiro – poucos dias após a idosa tomar conhecimento de que Henry havia sido vítima de uma sessão de espancamento, como relatou a babá do garoto, Thayna de Oliveira Ferreira, em seu novo depoimento. A troca de mensagens entre Monique e Rosângela, às 21h42 daquele dia, deixa claro o temor que o menino tinha de dormir sozinho no novo apartamento – a ponto de compartilhar o quarto junto com Dr. Jairinho, pelo qual já externava aversão e medo para parentes e amigos da família. 

A mãe de Henry enviou a imagem do filho dormindo no chão, rente à cama do casal, para Rosângela que, em seguida, comentou: “Toda criança e [sic] desse jeito. Seu irmão foi assim. O problema é que o pai tolera e aceita”. Na sequência, a avó pergunta: “E o tio??????”, aludindo ao padrasto, Dr. Jairinho. Monique, então, responde: “Quem ama, aceita e tolera também…”

Monique Medeiros troca mensagens com a mãe, Rosângela
Monique Medeiros troca mensagens com a mãe, Rosângela (Polícia Civil/Reprodução)

O diálogo por Whatsapp reforça a relação de proximidade que mãe e filha tinham, mas também aponta que a avó acompanhava em detalhes a rotina da família, sabia das constantes reclamações de Henry e tinha conhecimento da agressão do vereador ao seu único neto, conforme VEJA mostrou em detalhes em reportagem publicada na noite desta terça-feira, 13. Apesar de ter vivenciado de perto os últimos dias de vida da criança, Rosângela omitiu tudo em seu depoimento à 16ª DP (Barra da Tijuca). Ao se apresentar à polícia, em 24 de março, a mãe de Monique afirmou que o neto parecia feliz com o novo apartamento, no qual ele e a mãe foram morar com Dr. Jairinho em janeiro passado. A professora ainda declarou que Henry “nunca chegou à sua casa machucado, que nunca o viu roxo ou com marcas pelo corpo”. A versão diverge completamente do áudio obtido por VEJA, no qual uma pessoa próxima da família conta que a própria avó, um dia após a sessão de tortura narrada pela babá para Monique por mensagens, viu a criança mancando e chegou a reprimi-la: “Para de bobeira, Henry! Anda direito!”.

Continua após a publicidade

O comportamento da avó em seu primeiro depoimento também chamou muita atenção por outro fato. Ao ser questionada sobre os investigadores se conversou com Monique e Dr. Jairinho sobre o crime, Rosângela afirmou que sim, mas “que para se poupar, não quis saber maiores detalhes e não se lembra se algum detalhe lhe foi contado”. Vários parentes ficaram indignados com a postura da idosa que, nos últimos meses, passara a dormir duas ou três vezes por semana com o neto ou no apartamento da Barra da Tijuca, ou na casa dela em Bangu, ambos os bairros na Zona Oeste do Rio. Segundo pessoas íntimas da família, Rosângela acompanhava o temor de Henry pelo “tio” que o machucava e o “abraçava” com força. A reportagem também apurou que a criança fazia escândalos aos berros para não voltar para o apartamento onde estava morando com a mãe e o vereador – acusados de homicídio duplamente qualificado e tortura.

Nesta quarta-feira, 14, dois depoimentos muito importantes serão tomados pelo delegado Henrique Damasceno, titular que comanda as investigações do caso: a empregada doméstica Leila Rosângela de Souza, que acompanhava a rotina da família desde janeiro, e a irmã de Dr. Jairinho, Thalita, que teria pressionado a babá a não revelar o que sabia. 

A cuidadora de Henry, peça fundamental para a elucidação da morte do menino, contou em seu segundo depoimento que a irmã do vereador disse para que Thayna não fosse “‘juíza’  do caso do irmão dela, que ‘menos é mais’, dando a entender que não era para a declarante falar tudo que sabia, que todos já estavam sofrendo muito”. 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.