Havana, 3 nov (EFE).- O dissidente cubano Guillermo Fariñas foi libertado nesta quinta-feira na cidade de Santa Clara (Cuba) após passar dois dias preso sem acusações formais em uma delegacia de Polícia, devido a um incidente na entrada de um hospital, segundo ele mesmo disse à Agência Efe por telefone, já em sua residência.
Fariñas explicou que, na terça-feira, foi ao hospital provincial Arnaldo Milián Castro para visitar o dissidente Alcides Rivera, internado por problemas decorrentes de uma greve de fome de mais de um mês. Mas, ao tentar entrar com sua carteira de psicólogo, um grupo de vigilantes ‘em postura muito hostil’ impediu sua passagem.
‘Exigi entrar por ser ainda membro do sistema nacional de saúde. Quando quis passar, me encheram de socos, quebraram meu guarda-chuva e meu relógio, embora a diretora do hospital tenha pedido que não me agredissem. Chamaram a Polícia, me algemaram e me levaram à quinta unidade (de Polícia)’, relatou o dissidente.
Psicólogo e jornalista independente, Fariñas, de 49 anos, se queixou de dores nas costas e na cabeça. Ele contou que, ao sair da delegacia de Polícia, as autoridades lhe permitiram ir ao hospital e que os vigilantes foram punidos administrativamente por terem batido nele.
O ativista destacou que pretende denunciar os vigilantes na Justiça. ‘Eles violaram as leis, e é preciso cumpri-las, como disse o presidente Raúl Castro’.
No ano passado, Fariñas fez uma greve de fome durante quatro meses em protesto contra a morte do dissidente preso Orlando Zapata Tamayo e para exigir a libertação dos prisioneiros políticos mais doentes.
Agraciado com o Prêmio Sakharov de 2010 em reconhecimento por sua luta pró-direitos humanos – concedido pelo Parlamento Europeu -, Guillermo Fariñas foi várias vezes detido por períodos temporários neste ano. EFE