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Delegado revela detalhes do plano de execução da juíza Patrícia Acioli

Julgamento começou nesta terça-feira e ouvirá, entre hoje e amanhã, 14 testemunhas da acusação. Dois réus receberam a delação premiada

Por Rafael Lemos
9 nov 2011, 16h49

Policiais planejavam contratar milícia para matar Patrícia Acioli, mas acabaram executando o crime com medo de serem presos por decisão da magistrada

O julgamento do assassinato da juíza Patrícia Acioli começou nesta quarta-feira com os depoimentos das testemunhas de acusação. O delegado da Divisão de Homicídios (DH) Felipe Ettore narrou, em detalhes, ao juiz Peterson Barroso Simão, da 3ª Vara Criminal de Niterói, como o grupo de policiais militares planejou e executou o crime. A descrição baseia-se, principalmente, nos depoimentos de dois dos 11 acusados, que foram beneficiados com a delação premiada: Sérgio Costa Júnior e Jeferson de Araújo Miranda.

Segundo Ettore, o grupo já teria tentado matar a juíza em duas oportunidades anteriores, a última delas no dia 10 de agosto, véspera do crime. Nove dos acusados pertenciam ao Grupo de Ações Táticas (GAT), do 7º BPM, envolvido no auto de resistência que resultou na morte de Diego Beliene, 18 anos, no morro do Salgueiro, em São Gonçalo. Dois membros da equipe já estavam presos por determinação da juíza. Os outros sete comparsas temiam ter o mesmo fim.

O plano previa a utilização de dois carros e uma moto. Um dos automóveis monitoraria a porta do Fórum de São Gonçalo, onde um dos policiais flagraria a saída da vítima e avisaria aos comparsas, que, por sua vez, ficariam à espreita no meio do trajeto até a casa dela. Numa dessas ocasiões, o responsável pela vigília dormiu dentro do carro e não viu a juíza deixando o local.

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A decisão de matar a juíza Patrícia Acioli, no entanto, já havia sido tomada há meses. Os policiais se sentiam ameaçados pela investigação de 70 autos de resistência do 7º BPM (São Gonçalo). A primeira ideia do grupo foi contratar uma milícia de Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, para tirar a vida da juíza. Para pagar o serviço, eles reservaram o espólio de três semanas do mês de abril, obtido através da extorsão de traficantes e pertences de bandidos. No fim das contas, esse montante foi prometido àqueles que topassem participar do assassinato.

Principal acusado da morte da juíza Patrícia Acioli, o tenente-coronal Cláudio Luiz Oliveira, sentado, sorri durante a audiência
Principal acusado da morte da juíza Patrícia Acioli, o tenente-coronal Cláudio Luiz Oliveira, sentado, sorri durante a audiência (VEJA)

No dia 11 de agosto, três dos réus foram avisados pela advogada que a juíza decretaria, até o fim daquela noite, a prisão preventiva de todos os policias que haviam participado do auto de resistência no morro do Salgueiro. em desespero, eles decidiram colocar o plano em prática no mesmo dia.

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Três deles dirigiram-se, então, para o Fórum de São Gonçalo num Fiat Palio e numa moto. Sem conseguir contato com Jeferson de Araújo Miranda, que seria o quarto homem do grupo, eles convocaram Júnior Cezar de Medeiros. O substituto aceitou a missão e sai de Jacarepaguá em direção a São Gonçalo, mas acabou desencontrando-se dos colegas, que saíram atrás da juíza assim que a avistaram no seu Fiat Idea. Jovanis Falcão Junior iniciou a perseguição de carro. O tenente Daniel Benitez pilotava a moto, levando na garupa o cabo Sérgio Costa Junior, de toca ninja e capacete. A dupla executaria Patrícia na primeira oportunidade, mas encontrou dificuldades.

Quando perceberam que a juíza estava mesmo indo para casa, eles a ultrapassaram e foram esperá-la em frente ao condomínio. No momento, em o carro dela aproximava-se do portão, Sérgio avançou e efetuou diversos disparos com uma pistola .45, que travou em seguida. Ele sacou, então, uma pistola .40 e continuou atirando. Na sequência, Benitez também começou a disparar com uma revólver calibre 357. Ao todo, 21 tiros atingiram a juíza.

Ameaças do comandante – Também em depoimento nesta terça-feira, o promotor Paulo Roberto Cunha, que atualmente integra o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, contou que Patrícia Acioli havia recebido informações, por três fontes diferentes, de que o coronel da Polícia Militar Cláudio Luiz Silva de Oliveira, ex-comandante do Batalhão de São Gonçalo, planejava matá-la. A juíza, no entanto, esperava reunir elementos concretos para denunciá-lo ao Tribunal de Justiça.

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