Delegado Orlando Zaccone é chamado a dar explicações sobre participação em protestos
Corregedoria Interna da Polícia Civil ouve delegado para averiguar se houve "transgressão disciplinar"
O delegado Orlando Zaccone foi chamado a dar explicações sobre sua participação em protestos e sua ligação com pessoas suspeitas de cometer crimes em manifestações. Nesta quarta-feira, Zaccone, que assumiu ter colaborado com 200 reais para um evento organizado por manifestantes em frente à Câmara Municipal, em dezembro, será ouvido sobre a doação e sobre sua presença em outro evento, promovido por um humorista para escolher “o melhor ato de vandalismo de 2013”. Detalhe: umas das atrações do evento era fruto de ato criminoso – um manequim roubado da loja da Toulon, no Leblon, durante quebra-quebra promovido pelos Black Blocs.
A Corregedoria Interna da Polícia Civil (Coinpol) informou, por email, que “está investigando a conduta do delegado Orlando Zaccone ao participar de eventos promovidos por manifestantes”. “O objetivo é avaliar se houve transgressão disciplinar”, diz a mensagem.
Reportagem do site de VEJA mostrou que Zaccone figura em uma lista de doadores do evento, na qual também aparecem os vereadores Renato Cinco e Jefferson Moura, do PSOL, e o juiz João Damasceno. Com exceção do magistrado, os outros três confirmaram ter colaborado com o evento “Ceia dos Excluídos”, que não teve violência. Zaccone informou ter sido convidado a participar e doar dinheiro pela estudante de cinema Elisa Quadros, a Sininho.
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A ceia ocorreu em 23 de dezembro. O site de VEJA também mostrou que, diferentemente do que informou Zaccone, os dois haviam se conhecido no mês anterior, em um evento promovido pelo humorista-ativista Rafucko, em 20 de novembro. Em uma espécie de premiação, foram escolhidos os “melhores e piores” dos protestos de 2013. Zaccone aparece em uma foto ao lado de Sininho naquela noite. Um dos premiados da noite, na categoria “Maior Ato de Vandalismo” do ano, foi a quebra dos manequins da Toulon – na noite de 17 de julho, no bairro do Leblon.
Ao site de VEJA, Zaccone disse se sentir como na inquisição. Nesta quarta-feira, ao jornal O DIA, o delegado voltou a se defender: “Não participei de nada ilegal, não fiz apologia de nenhum crime. Tenho o direito de exercer meus direitos civis”, disse. Zaccone também afirmou que “vai ser bom prestar essas declarações”, sobre seu depoimento à Coinpol.
O processo na corregedoria pode ter como resultado desde o simples arquivamento, sem consequências para o delegado, até a exoneração. O delegado para ouvir Zaccone é Felipe Bittencourt do Valle.