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Delegações olímpicas vão passar por esta mira

Na Linha Vermelha, principal via de acesso ao aeroporto do Galeão, um traficante aponta um fuzil para motoristas e viaturas da PM. A foto postada nas redes sociais mostra que, a menos de dois meses do início da Olimpíada, o Rio de Janeiro continua refém dos criminosos

Por Leslie Leitão 14 jun 2016, 22h10

Para quem não está familiarizado com o tema, a foto pode parecer, numa primeira olhada, a imagem de um desses joguinhos de guerra que viraram febre mundial nos videogames. O fuzil AR-15, calibre 5.56, está apoiado em uma parede de tijolos. Na mira holográfica, o alvo é um carro da Polícia Militar que trafega pela Linha Vermelha, às margens do Complexo da Maré. O criminoso não atirou porque não quis. O mais assustador, no entanto, é que, a menos de dois meses para o início dos Jogos Olímpicos, a via expressa sitiada por traficantes armados até os dentes é trajeto quase que obrigatório das mais de 200 delegações e 80 chefes de Estado que desembarcarão no Aeroporto Internacional do Galeão para o maior evento esportivo da história do país.

O site de Veja procurou especialistas em segurança que são unânimes em dizer que o território precisa ser ocupado, diante do risco iminente registrado na foto. “Ele não matou os policiais porque não quis”, diz Vinícius Cavalcante, diretor da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança.

Apesar de não falar oficialmente sobre a questão, a previsão das autoridades é de que o Complexo da Maré – onde três facções criminosas disputam as bocas de fumo espalhadas por 16 favelas – não será ocupado novamente, pelo menos não nos moldes da ocupação que ocorreu entre abril de 2014 e junho de 2015, numa operação das Forças Armadas que custou mais de 600 milhões de reais. Além do custo elevado, o Exército sofreu com os tiroteios constantes que custaram a vida do soldado Michel Mikami e que deixaram outros 27 soldados feridos. Para se ter uma ideia, entre 2004 e 2015, o Exército teve apenas oito de seus homens baleados em dez diferentes missões de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) pelo planeta, entre elas no conflagrado Haiti.

“É possível que haja ocupação de partes estratégicas ali e no Morro do Chapadão (em Costa Barros, próximo à sede olímpica de Deodoro), mas uma operação de guerra é muito cara”, afirma um oficial que atua na segurança dos Jogos.

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A crise financeira, de fato, é um problema. Não apenas visando a Olimpíada, mas especialmente no pós-Jogos. O governo do Rio de Janeiro adiou a implantação das famigeradas Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) por tempo indeterminado, a ponto de a própria Secretaria de Segurança estar devolvendo 2,5 milhões de reais emprestados pela Assembleia Legislativa (Alerj) para a construção de uma delegacia na região, o que não tem previsão para acontecer.

Apesar de a PM informar que a imagem não é recente, ela começou a percorrer em grupos de WhatsApp de policiais como novidade. E foi através dela e do Google Street View que os próprios policiais do batalhão da área (localizado a cerca de 500 metros) identificaram a casa utilizada pelo traficante para fazer a foto. Ela fica na Favela Parque União, dominada pelo Comando Vermelho.

A mira holográfica utilizada pelo criminoso é importada e custa cerca de 1.500 reais. O acessório, que só pode ser comprado com autorização do Exército, é utilizado pelas principais forças de combate do mundo. “O enquadramento do alvo é rápido, porque a mira fica alinhada ao cano do fuzil. Marcação é somente no visor. É um item muito bom para combate aproximado”, afirma Cavalcante, lembrando que o fuzil da foto é similar ao AR-15 utilizado pelo terrorista que invadiu uma boate e matou 49 pessoas no fim de semana passado, em Orlando, na Flórida.

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