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Delator diz à PF que empresário detido era ‘próximo’ a Eunício Oliveira

Segundo relatório anexado à Operação Descontaminação, Rodrigo Neves foi sócio do ex-presidente do Senado em pelo menos duas empresas

Por Da redação
Atualizado em 24 mar 2019, 17h57 - Publicado em 24 mar 2019, 17h37

Em depoimento à Polícia Federal, no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, o executivo da Engevix José Antunes Sobrinho declarou que o empresário Rodrigo Neves, preso na operação que também capturou o ex-presidente Michel Temer (MDB), se apresentava como pessoa próxima ao ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (MDB-CE). Relatório da PF anexado à investigação da Operação Descontaminação, deflagrada na quinta-feira 21 contra propinas nas obras da usina de Angra 3, apontou que Rodrigo Neves foi sócio do ex-senador em duas empresas.

A desembargadora Simone Schreiber, plantonista do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, acolheu neste sábado 23 o habeas corpus impetrado pela defesa de Rodrigo Castro Alves Neves e mandou soltar o empresário.

A força-tarefa da Lava Jato do Rio afirma que Rodrigo Neves foi responsável por intermediar o pagamento de vantagem indevida exigida pelo coronel reformado da Polícia Militar de São Paulo João Baptista Lima Filho, o coronel Lima, a José Antunes Sobrinho.

Segundo os procuradores, durante o contrato de projeto de engenharia eletromecânica 01 da usina nuclear de Angra 3, o coronel Lima pediu a Antunes Sobrinho o pagamento de propina, supostamente em benefício de Temer. O Ministério Público Federal aponta que a propina foi paga no final de 2014, com transferências totalizando cerca de 1 milhão de reais da empresa Alumi Publicidades para PDA .

O depoimento de José Antunes Sobrinho foi prestado em junho de 2018 ao delegado da Polícia Federal Cleyber Malta Lopes.

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O delator declarou que conheceu Neves em 2013 e acreditava que ele era sócio da Alumi. Segundo o empresário, Rodrigo Neves teria se aproximado dele demonstrando interesse em parceria comercial com a Inframérica, consórcio vencedor e responsável pela concessão e reforma do Aeroporto Internacional de Brasília, da qual ele era presidente na época.

“O depoente nunca se encontrou com nenhum outro representante ou sócio da empresa Alumi; Rodrigo Neves se apresentava também como pessoa próxima do senador Eunício Oliveira, sendo que Rodrigo Neves dizia que estava disposto a colaborar com os negócios do Aeroporto de Brasília, sendo ele quem levou a melhor proposta para exploração da mídia externa do aeroporto de Brasília, no caso em questão, da empresa Alumi”, declarou José Antunes Sobrinho.

A PF apontou no relatório que, em 2014, a Alumi, por intermédio de Rodrigo Neves, conseguiu fechar com a Inframérica um contrato privado no valor de 24 milhões de reais para explorar serviços de publicidade e mídia externa do Aeroporto Internacional de Brasília por um período de 6 anos. José Antunes Sobrinho relatou que, por conta desse contrato, teria solicitado que Rodrigo Neves quitasse um compromisso de aproximadamente 1 milhão de reais com o coronel Lima.

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O delator contou que esclareceu a situação a Rodrigo Neves, alegando que “se tratava da quitação de um compromisso assumido pelo depoente para auxiliar o MDB e o vice-presidente Michel Temer, o qual estava sendo cobrado reiteradamente por João Batista Lima Filho”.

No relatório, a PF anotou que chamou atenção o fato de Rodrigo Neves já ter sido sócio do senador Eunicio Lopes de Oliveira em pelo menos duas empresas. Na avaliação dos investigadores, isto corroboraria o depoimento de Sobrinho no que tange à influência política de Ricardo Neves.

(Com Estadão Conteúdo)

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