Datas: George Maharis, João Zanforlin e Carlos Alberto Prates Correia
O ator, o repórter e o cineasta
No início dos anos 1960, depois do inesperado sucesso do clássico beatnik, Pé na Estrada, de Jack Kerouac, lançado em 1957, os Estados Unidos redescobriram a si mesmos em viagens de carro. Na carona desse ambiente, a série de televisão Rota 66 virou mania incontornável — foi ao ar, semanalmente, de 1960 a 1964. Chegaria ao Brasil com estardalhaço, reprisada sem dó. A trama acompanhava dois jovens que percorriam as rodovias americanas a bordo de um Corvette, e a cada ponto de parada brotava uma aventura. O ator Martin Milner, que morreu em 2015, interpretava Tod Stiles. Coube a George Maharis, um nova-iorquino filho de gregos, dar vida a Buz Murdock.
E dá-lhe poeira, piadas um tanto insossas e discreto charme ao som de uma trilha sonora de primeira, aos cuidados de Nelson Riddle. Maharis, que estudara teatro no celebrado The Actors Studio, ao lado de Marlon Brando, logo percebeu como seria dura a vida seriada. Os 116 episódios de Rota 66 foram filmados em cidades diferentes dos Estados Unidos, em um cronograma desgastante. Os deslocamentos sem respiro produziram problemas de alimentação e saúde na equipe, a ponto de Maharis ter contraído uma hepatite severa, que o tiraria de cena durante algumas semanas. Ele nunca mais brilharia em outro papel. Morreu em 24 de maio, aos 94 anos, em Beverly Hills, na Califórnia.
Em defesa do futebol
Antes da internet, antes da onipresença dos jogadores nas redes sociais, a função de repórter de rádio de campo era imprescindível e louvada. Poucos tiveram carreira tão brilhante como a de João Zanforlin, um dos grandes nomes da Rádio Bandeirantes e da Rádio Cultura, de São Paulo, dos anos 1960 aos 1990. Trabalhou em oito Copas do Mundo e sete Olimpíadas. A calma e simpatia o faziam diferente de todos os outros. Mais tarde, formado em direito, reinventaria sua carreira como membro do Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo e, posteriormente, advogado do Corinthians. Morreu em 29 de maio, aos 75 anos, em São Paulo, de causas não reveladas pela família.
Minas nas telas
A cultura do estado de Minas Gerais sempre celebrou dois cineastas: o pioneiro Humberto Mauro, dos primeiros anos do século XX, e Carlos Alberto Prates Correia, cuja timidez e discrição frearam voos mais altos. Em 1970, depois de trabalhar como assistente de Joaquim Pedro de Andrade, encaminhou carreira-solo, ao dirigir Crioulo Doido. Sua obra mais famosa é Cabaret Mineiro, de 1981, que quebrou a banca no Festival de Gramado daquele ano, ao vencer na categoria de melhor filme, melhor fotografia (Murillo Salles), melhor ator (Nelson Dantas), melhor montagem, melhor direção, melhor trilha sonora e melhor atriz coadjuvante (Tânia Alves). Prates Correia morreu em 28 de maio, aos 82 anos, no Rio de Janeiro.
Publicado em VEJA de 7 de junho de 2023, edição nº 2844